quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ney Matogrosso ganha prêmio por três décadas de sucesso

Na noite desta quarta, Ney Matogrosso recebeu o Prêmio Shell por suas três décadas de carreira, no palco do Vivo Rio. Logo após a entrega do troféu, ele cantou o repertório de Inclassificáveis, seu penúltimo CD.

A escolha foi feita por um júri de sete pessoas, entre elas a cantora Roberta Sá, que já cantou com Ney. O prêmio, concedido antes a Tom Jobim, Dorival Caymmi, Tom Zé e outros compositores de diferentes gêneros da MPB, foi criado em 1981 e, desde 2008, também é dado a intérpretes. A primeira foi Maria Bethânia.

Inclassificáveis foi lançado há dois anos, mas o show provoca o mesmo impacto de quando o artista saiu em turnê.

No palco, uma figura andrógina, cheia de brilhos e gestos apaga o lado tímido e discreto de Ney. O show de interpretação, figurino, iluminação e, é claro, de sonoridade que o cantor e sua banda dão mostra porque o sul-mato-grossense é o artista mais completo da MPB.

É tão incrível a maneira com que ele se entrega no show que o público fica paralisado, sem saber se aplaude ou se pisca.

No repertório dessa obra prima, clássicos como O tempo não para, Um pouco de calor, Por que a gente é assim? e Pro dia nascer feliz, numa pegada bem rock’n’roll.

Depois das guitarras pesadas de Inclassificáveis, Ney se desplugou e agora aparece bem mais sereno em Beijo Bandido, com pitadas de tango (Tango para Teresa / Jair Amorim e Evaldo Gouveia), bolero (De Cigarro em Cigarro / Luiz Bonfá) e samba (Bicho de Sete Cabeças II / Geraldo Azevedo).

Beijo Bandido traz 14 canções e está nas lojas desde outubro e você pode ouvir trechos de cada música no site www2.uol.com.br/neymatogrosso.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

E o Botafogo, hein?

Até umas semanas atrás eu achava que o rebaixamento do Flu era certo. O time não ganhava nada e passou quase todo o Brasileiro na lanterna. Eis que o atacante Fred volta, o técnico Cuca organiza a casa e o tricolor reencontra o caminho da vitória, com direito à disputa pelo título inédito da Sul-Americana.

Agora estou achando que o Botafogo é quem vai cair. O alvinegro tem apenas dois pontos a mais que o time das Laranjeiras, que é o primeiro do Z-4. Faltando duas partidas para o fim do campeonato, o clube de General Severiano tem dois adversários considerados mais difíceis que o Flu. Enquanto o tricolor enfrenta o Vitória em casa e o Coritiba fora, o Botafogo pega o Atlético-PR fora e o Palmeiras em casa.

Pra completar, Jobson e Juninho não jogam, pois foram expulsos na partida contra o São Paulo, e Reinaldo ainda é dúvida, pois sentiu a coxa no mesmo jogo.

Nesta terça, o lateral Alessandro disse que não queria estar na pele do técnico Estevam Soares ao decidir quem irá entrar no lugar dessas duas peças importantes para o time. Para ele, o jogo de domingo é decisivo e a equipe deve se preparar para a guerra.

O meia Leandro Guerreiro lamentou a ausência dos dois, mas garantiu que o time vai partir com tudo pra cima do Atlético-PR para decidir logo o campeonato.

Tomara que a equipe saia dessa, pois será muito triste ver mais um carioca na segundona.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Flu tem a difícil missão de ganhar o Galo no Maracanã

O Fluminense recebe hoje o Atlético-MG no Maracanã, às 21h. O clube precisa vencer todos os jogos que restam para não ser rebaixado. Muitos acreditam que o tricolor já está na segundona. Mas, para o lateral Mariano, enquanto houver uma chance o time deve acreditar nela.

Nesta quarta, o jogador, que já defendeu o Galo, foi bastante otimista ao falar que o grupo tem crescido e que estão todos tranquilos para enfrentar os próximos jogos. Perguntado sobre quem é o favorito entre os adversários que vai encarar, ele foi categórico: “Favorito é o Fluminense. Sempre!”.

Tomara que essa confiança toda dê resultado no campo. Afinal, os próximos adversários do tricolor são Cruzeiro e Palmeiras, que brigam pelo título.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Clima tenso no Botafogo

Hoje foi dia de acompanhar o Botafogo. Marcado para começar às 9h, o treino do alvinegro começou após uma longa reunião.

Quando entraram em campo, os jogadores apresentavam um semblante de quem ainda não esqueceu a derrota de domingo, em casa, para o Flamengo. Tirando o fato de o clube estar na zona de rebaixamento.

O time treinou bastante a parte de finalização, o que, para o atacante Reinaldo, é o lado que os jogadores têm pecado mais.

Nesta quarta, o Botafogo enfrenta o Náutico, em casa. O jogo promete, já que os dois brigam para não cair.

Para Reinaldo, o momento é para pensamento positivo.

“A gente chegou numa situação que não pode ter mais erro”, desabafa.

Embora não seja o meu time, torço para o Botafogo sair dessa. Afinal, sou carioca e acredito que temos que torcer, antes de mais nada, pelos clubes do Rio.

Será que vem hexa por aí?

Nesta segunda estive no primeiro treino do Flamengo depois da vitória sobre o Botafogo por 1 a 0, no Engenhão, no último domingo. No rosto dos jogadores, a felicidade de estar tão próximo do hexa é notória.

Mas para evitar o clima de “já ganhou” que muitas vezes atrapalhou o clube em jogos importantes, como o da Libertadores de 2008, quando perdemos de forma vergonhosa para o América do México por 3 a 0, em pleno Maracanã, os jogadores evitam falar em título. Para o goleiro Bruno, “quem evitar o oba-oba e mantiver o equilíbrio vai ser o campeão”.

E o time parece mesmo estar bem mais concentrado do que em outros campeonatos. O zagueiro Ronaldo Angelim assumiu que a equipe relaxou no ano passado, mas que agora está mais dedicada.

Será que vem hexa por aí?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Técnico do Fla tenta conter euforia e ainda não pensa em hexa


Depois da vitória por 2x0 em cima do Palmeiras, lider do Brasileirão, o Flamengo passou a acreditar mais no hexa. O clube está a apenas seis pontos atrás do verdão e foi o time que mais cresceu no segundo turno do campeonato. Mas, para Andrade, essa euforia deve ser contida.

“O Flamengo não chegou nem ao G-4, então não posso falar em titulo. Temos que estar com o pé no chão e manter a ‘sandalinha da humildade’. São apenas 6 pontos. Não podemos entrar nesse oba-oba, cair nessa armadilha do furebol”, disse.
Botafogo deverá dar mais trabalho que o Palmeiras

Andrade acredita que a partida de domingo será mais difícil que a anterior.

"Acredito que, às vezes, pegar um time que está próximo à zona de rebaixamento é mais difícil porque ele vai jogar como se fosse final de campeonato. Acho que esse será o jogo-chave. A vitória sobre o Botafogo pode nos colocar definitivamente no G-4”.

Além do fato de o Botafogo entrar com tudo, o Flamengo ainda não vai poder contar com o zagueiro Ronaldo Angelim e com o meia Willians, suspensos. O zagueiro Álvaro também é dúvida, pois ainda sente dores no joelho. Andrade só deve saber se ele joga ou não na sexta-feira.

Feliz com a equipe

O técnico está muito satisfeito com a equipe. Para ele, o mérito para a boa fase do rubro-negro é de todos.

“O Flamengo hoje é um todo, e não dois ou três jogadores. O time fez quatro pontos sem o Adriano (que estava na Seleção). E isso não é tirar o mérito dele, mas dar a todos”.

Para Andrade, o grupo se fortaleceu mais no momento em que o Álvaro e o Maldonado chegaram, que coincidiu também com a recuperação de Leo Moura.

Assunto que não poderia faltar, o meia Petkovic também foi elogiado.

“Ainda não vivemos a experiência de jogar sem o Pet, mas ele faria muita falta”.

E faria mesmo! O meia chegou hoje a um nível que até a torcida adversária o aplaude, tamanho carisma que esse “jovem” de 37 anos e bem-humorado exala.Eu aproveitei para perguntar para ele a sensação de ser ovacionado quando entra em campo. A resposta não podia ser diferente.

"Como um garoto. Parece que sou jovem de novo”.

A partida entre Botafogo e Flamengo acontece no Engenhão, às 18h30, no próximo domingo. Além de não perder para o alvinegro em Brasileiros há 9 anos, o rubro-negro ainda tem a vantagem de ter vencido nos três jogos que fez no estádio. Será que essa escrita vai ser mantida?

E você ouve trechos da entrevista com o Andrade e com o Pet sábado e domingo, no programa Samba Social Clube, entre 12h e 14h, nos 90,3.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Herbert de Perto

Com uma edição impecável e sem apelar para sentimentalismos baratos, Roberto Berliner e Pedro Bronz mergulharam na vida do lider dos Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna, e trouxeram à tona um dos melhores documentários apresentados nos últimos tempos.

Em "Herbert de Perto" Bronz e Berliner, que acompanha a banda desde 1983, exibem imagens raras de shows, da vida íntima, de amigos, ensaios e depoimentos sobre um exemplo máximo de superação.

Herbert não virou um mito porque foi dado como morto e hoje, de maneira inexplicável, continua encantando gerações com sua música. Herbert Vianna, o "artesão do pop", como classificou o amigo Dado Villa-Lobos, é um mito por enxergar a música como merecidamente deve ser. Ele investiga, viaja, escuta, não descansa.

E isso é muito bem mostrado nesse impecável documentário, que choca logo no inicio. Na primeira sequencia de imagens aparece um Herbert Vianna ainda garoto dizendo que, se lhe acontecesse alguma coisa na vida, alguma tragédia, ele lutaria para reconquistar tudo o que havia conseguido até então. Além de músico, profeta!

E o que impressiona nesse trabalho é todo um conjunto que conta não somente com a história do músico, mas com o tratamento dado às imagens e sua sequencia, o que permite um toque primoroso ao documentário, fugindo do lugar-comum que impera nessa categoria.

Parabéns primeiramente ao Herbert Vianna por tudo o que ele representa como músico e como homem, pela busca incessante pelo conhecimento. Um "viva!" pelo trabalho tão carinhosamente arquitetado por Roberto Berliner e Pedro Bronz. Isso é cinema!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

As Olimpíadas de 2016 são do Rio

Eu já sabia!

As Olimpíadas de 2016 são do Rio de Janeiro! Mais uma vez a Cidade mostrou o que nem precisava mais provar: que ela é maravilhosa.

Não fazemos parte do primeiro mundo, nossas riquezas não se comparam com as de Tóquio e Madri, que também estavam na disputa, mas, como disse o presidente Lula, “enquanto as outras cidades mostraram projetos nós mostramos o nosso coração, a nossa alma”.

E é esse um dos principais motivos que fazem o Mundo todo olhar para o Rio: nossa emoção exacerbada, esse calor humano que só o carioca é capaz de transmitir.

Desde as 10h da manhã eu acompanhei bem de pertinho, da praia de Copacabana, toda a festa que a cidade preparou para receber a notícia de quem iria sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Às 12h veio a maior surpresa do dia: Chicago foi a primeira cidade a ser eliminada. Todos esperávamos que o Rio disputaria pau a pau com os americanos, o que não aconteceu. Isso sem contar que até eles torciam por nós.

Logo após o anúncio da eliminação de Chicago soubemos que Tóquio também estava fora da disputa. Cerca de cem mil pessoas vibravam nas areias de Copacabana com o aumento da possibilidade de o Rio receber as Olimpíadas.

A tensão tomava conta do público. Ninguém mais escondia o nervosismo. Para acalmar os ânimos o cantor Lulu Santos tocou seus maiores sucessos em um palco montado em frente ao Copacabana Palace. Mas o que queríamos mesmo era saber o resultado final dessa disputa que acontecia há dois anos. E, somente às 13h50, pessoas de todas as idades, de todo canto do país se abraçavam felizes com a notícia de que o Rio de Janeiro havia conquistado esse privilégio de receber o evento esportivo mais importante depois da Copa do Mundo.

O interessante é que apesar de todos os problemas que enfrentamos em diversos setores nós somos nota mil no quesito união. Num momento como esse nos esquecemos de raça, credo, condição social e nos unimos em prol de um mesmo ideal.

Caminhando pelas areias pude observar artistas, atletas como Shelda e Leila, que nos deram muitas alegrias no vôlei, a ginasta Daniele Hypólito, o judoca Flavio Canto, enfim, todos celebrando juntos a vitória não só do Rio, mas do Brasil e da América do Sul!

Eu não tenho palavras para descrever o que vi na praia de Copacabana. Muitos que ali comemoravam sequer têm noção dos benefícios que teremos com a vinda das Olimpíadas, que acontecem dois anos depois da Copa do Mundo, que também será aqui.

Mas isso não importa nesse momento. O que importa é que o Brasil mostrou sua força e que o Mundo terá que nos engolir!!!!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Bienal do Livro

No útimo dia 10, o Riocentro se transformou numa imensa biblioteca. Trata-se da XIV Bienal do Livro, que vai ocupar o espaço até o dia 20.

Só neste fim de semana mais de 47 mil pessoas passaram pelos três pavilhões do evento. Ao todo, nos quatro primeiros dias de Bienal (10 a 13/09), o total de público foi de mais de 173 mil visitantes. Um contraste diante das profecias de que o livro vai acabar.

No ano de 1995, Nicholas Negroponte, diretor do Massachusetts Institute of Technology, ensaiou o fim do papel em “A Vida Digital”. A afirmação foi baseada no surgimento dos e-books. Mas, pelo visto, parece que isso tudo não passou de falácia.

Como o livro pode estar com os dias contados se cada edição da Bienal bate um recorde de público?

Para o escrito Ruy Castro, “o livro já nasceu perfeito: é portátil, leve, bonito, gostoso. Pode ser levado para a cama, o banheiro, o bonde, o ônibus, o trem e o lotação. E é barato -- quem não puder comprá-lo nas livrarias normais tem os sebos e até os livros vendidos na calçada. Além disso, ao contrário do CD e do DVD, não precisa de um aparelho para tocar. Para ser usado, basta abri-lo e ele está pronto para ser lido. O livro só depende de nós. E, ultimamente, cada vez mais de nós -- precisamos dar a ele, de volta, o que ele nos deu nos últimos 600 anos”.

Depois dessa explicação, não há o que discutir! Por mais que seja mais fácil baixar uma obra inteira na internet, quem agüenta passar o dia inteiro na frente de um computador?

Ruy aproveitou para dar umas dicas de leitura...

“Sem falsa modéstia, indico dois: "O leitor apaixonado - Prazeres à luz do abajur", de mim, mesmo, e "Uma ilha chamada livro", de Heloisa Seixas. Ambos os livros são compostos de texto sobre literatura, o prazer de ler, a magia das palavras etc”.

"Mania de substituir uma coisa pela outra"

Quem também não acredita nessa história de fim do livro é a jornalista e escritora Martha Medeiros.

“Temos essa mania de prever a substituição de uma coisa pela outra, como se elas não pudessem coexistir. No caso da literatura, acho que ela seguirá se desenvolvendo pela internet, que é uma ferramenta poderosíssima, mas continuará sendo impressa em papel, porque um livro é mais que um objeto de consumo, ele possui uma mística e os leitores realmente apaixonados por literatura não irão permitir que isso acabe”.

O que ela disse tem muito a ver com a famosa frase do químico francês Lavoisier: "Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Ou seja: o mundo vai evoluindo, novas tecnologias surgem para facilitar mais a nossa vida, mas sem necessariamente substituir o que já existe.

Pensamento parecido tem a escritora Heloisa Buarque de Hollanda. Para ela, “o livro está mais vivo do que nunca e a internet é um auxiliar fantástico nessa vitalidade”.

Aproveitando que os preços na Bienal estão em conta, Heloísa também sugeriu algumas obras.

“A arte de produzir efeito sem causa” - Lourenço Mutarelli; “Ballets” - Bruna Beber; “Rasif” - Marcelino freire, “A Literatura em Perigo” - Tzvetan Todorov e “Free” de Chris Anderson.

E a Bienal do Livro não é só venda de obras. Tem também debates interessantes com grandes nomes, como o correspondente do jornal americano "New York Times" Larry Rother e o antropólogo Roberto DaMatta, além de sessão de autógrafos com importantes escritores, como Ana Maria Machado e Ziraldo.

Uma ótima oportunidade para pôr a leitura em dia sem gastar muito!

A XIV Bienal do Livro acontece até o dia 20 de setembro. Para mais informações sobre a programação basta acessar o portal www.bienaldolivro.com.br.

domingo, 23 de agosto de 2009

O despertar da primavera

Em meio a tantos espetáculos-shows que pecam com textos fracos e óbvios, eis que surge o talvez melhor musical de todos os tempos: "O despertar da primavera", da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, em cartaz no Teatro Villa-Lobos, em Copacabana.

Escrita em 1891 pelo dramaturgo alemão Frank Wedekind, a peça trata das agruras que um grupo de adolescentes vive, da descoberta da sexualidade, do incesto, suicídio e de toda a opressão que há dentro de casa, na escola e na igreja.

No palco, 21 atores - alguns ainda entrando na adolescência - cantam e dançam como se fizessem aquilo a vida inteira. Eles se entregam de uma tal forma como se eles estivessem contando a própria história.

O que choca nessa peça não são as cenas mais picantes, em que um jovem se masturba, os protagonistas transam na floresta e dois homens se beijam, mas a maturidade e a dedicação de todo um maravilhoso elenco.

E tudo contribui para que esse musical de 120 minutos não caia nem um pouco de ritmo ou fique cansativo.

O cenário de Rogério Falcão, com tijolos para todos os lados, encurrala os atores, mostrando exatamente como um adolescente se sente. Para momentos de libertação, a floresta é o ambiente ideal. Para o desespero, o cemitério é o mais propício.

A dupla Marcelo Castro e Alonso Barros, diretor musical e coreógrafo, respectivamente, não poderia ter feito melhor. O recado deles foi bem direto: é assim que se faz um musical!

E é assim que se faz um musical mesmo! Isso que é teatro. É não se preocupar com elenco famoso, com extravagâncias, com cenas chocantes só para chamar a atenção.

Há muito tempo não via um espetáculo tão inteligente.

Parabéns à extraordinária dupla Charles Möeller e Claudio Botelhoe e à toda equipe que me fez chorar a cada número.

O DESPERTAR DA PRIMAVERA

Música de Ducan Sheik
Texto e Letras de Steven Sater
Baseado na obra de Frank Wedekind
DIREÇÃO: Charles Möeller
VERSÃO BRASILEIRA / SUPERVISÃO MUSICAL: Claudio Botelho
DIREÇÃO MUSICAL: Marcelo Castro
COREOGRAFIA: Alonso Barros
CENÁRIO: Rogério Falcão
FIGURINOS: Marcelo Pies
VISAGISMO: Beto Carramanhos
DESIGN DE LUZ: Paulo César Medeiros
DESIGN DE SOM: Marcelo Claret
COORDENAÇÃO ARTÍSTICA: Tina Salles

ELENCO:
Malu Rodrigues, Letícia Colin, Pierre Baitelli, Rodrigo Pandolfo, Thiago Amaral

APRESENTANDO
Débora Olivieri e Carlos Gregório

COM:
Alice Motta, André Loddi, Bruno Sigrist, Danilo Timm, Davi Guilhermme, Eline Porto, Estrela Blanco, Felipe de Carolis, Julia Bernat, Laura Lobo, Lua Blanco, Mariah Viamonte, Pedro Sol, Thiago Marinho

PRODUTOR EXECUTIVO: Luiz Calainho
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Aniela Jordan, Beatriz Secchin Braga, Monica Athayde Lopes
UM ESPETÁCULO DE: Charles Möeller & Claudio Botelho

SERVIÇO
‘O Despertar da Primavera’
Local: Teatro Villa-Lobos
Endereço: Av. Princesa Isabel, 440. Copacabana
Telefone: (21) 2334-7153
Temporada de 21 de agosto a 15 de novembro
Quintas e sextas, às 21h. Sábados, às 21h30. Domingos, às 18h.
Ingressos a R$ 60 (quintas e sextas); R$ 70 (domingos) e R$ 80 (sábados).
Vendas pela internet em www.ingresso.com.br
A bilheteria do teatro funciona de quarta a domingo, de 15h às 19h.
Classificação etária: 14 anos
Lotação: 463 lugares
Duração do espetáculo: 120 minutos (mais intervalo)


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Prêmio Multishow: uma vergonha para a MPB

Até que ponto é válido ouvir a opinião pública? Deparei-me com essa pergunta ao assistir o Prêmio Multishow, ocorrido na última terça, no Rio de Janeiro.

Trata-se de um evento em que o público é quem manda. Internautas espalhados por todo o país é que escolhem os indicados às inúmeras categorias da premiação. Só assim bandas inexpressivas e sem qualquer qualidade sonora, como NXZero, conseguem sonhar com um troféu. E foi exatamente isso que aconteceu.

Um dos primeiros prêmios a serem entregues foi o de Revelação. Os sortudos foram os integrantes da Banda Cine, uma mistura de Hanson com Menudos que tem, no repertório, letras como "Who o ow / Eu te completo baby / Who o ow / Vem que é certo baby". Os fãs ovacionavam os adolescentes como se o Papa estivesse na frente deles. Cena, no mínimo, banal.

E o que dizer do Fresno ganhar como melhor banda? O grupo desbancou NXZero, Jota Quest, Skank e EVA. Essa última eu nem sabia que ainda existia.

Acho interessante o canal Multishow ouvir seus telespectadores, promover um evento cujo grito de guerra era "Misture-se", mas colocar Lenine e seu Jorge para disputarem o prêmio de melhor cantor é inaceitável. E ver o primeiro desbancando o segundo é inadmissível!

E o que dizer de Ivete Sangalo fazendo de tudo para mostrar a barriga de sete meses, apagando totalmente Zeca Pagodinho?

Foi tanta cena bizarra que tirou todo o brilho da homenagem feita à Rita Lee e à Raul Seixas. Uma pena!

Por essas e outras prefiro ficar longe do Vox Populi.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Não são dois diplomas que me fazem melhor ou pior jornalista

Estou muito satisfeita por ter feito uma faculdade de jornalismo e, logo em seguida, uma pós. Gosto de estudar e tive ótimos professores. Sempre trabalhei no meio e, talvez, se eu não tivesse feito curso superior, me daria igualmente bem. Sendo assim, não foi um diploma que me fez melhor ou pior jornalista.

Muito se fala sobre o fim da exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão, mas pouco se reflete seriamente sobre o assunto. Para começar, muitos países já não exigem o canudo há muito tempo. Fora o fato de que ele, aqui no Brasil, começou a ser obrigatório no período ditatorial. Alguém aí já viu Machado de Assis e Nelson Rodrigues com diploma? Pois é...

Ontem, em um programa da MTV comandado pelo ótimo e inteligente comunicador Lobão, que nunca fez faculdade, um gaiato disse que a decisão só vai beneficiar quem trabalha nas redações sem formação e desvalorizar quem estuda direitinho. Mas de onde ele tirou isso?

Em primeiro lugar, para entrar em qualquer empresa séria o candidato passa por uma bateria de testes, mesmo com formação. Não basta chegar só com currículo. Em segundo lugar, e não menos importante, há quem passe anos dentro de uma faculdade e não aprende sequer fazer uma nota, ao contrário de muitos que começam cedo no mercado de trabalho e que sacam mais do que um graduado.

É preciso entender que as faculdades de comunicação não vão fechar. Ninguém me exigiu diploma de pós-graduação, mas eu quis fazer o curso pela bibliografia, pelo que eu ia aprender a mais. E é isso que me difere de qualquer outro candidato à mesma vaga que estou pleiteando.

Se a pessoa pretende ter carreira, trabalhar numa Folha de São Paulo, numa Globo, ela não tem que pensar que essas empresas não vão exigir diploma. Vão querer muito mais! Para elas essa decisão não vai mudar uma vírgula.

Agora, quem quiser trabalhar com fofoca, numa Caras da vida, pode se sentir satisfeito por ter apenas o ensino médio, ou nem isso.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Parabéns ao mestre Chico Buarque

Em 19 de junho de 1944 nascia no Rio um dos maiores gênios da nossa música. Quarto dos sete filhos do historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista amadora Maria Amélia Cesário Alvim, Francisco Buarque de Hollanda passou décadas conquistando gerações com sua musica, sua poesia, sua literatura.

Lembrando algumas palavras do crítico literário Harold Bloom, Chico Buarque não tem rival na história da música. É um artista tão forte que suas obras alteraram os rumos e continuamos vivendo até hoje sob seu impacto. Chamá-lo de gênio, portanto, é fazer-lhe justiça.

Por isso, deixo aqui a minha singela homenagem ao grande poeta Chico Buarque de Hollanda. Chico, tudo de mais, de muito, de melhor pra você!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

“O exterminador do futuro 4: A salvação”

Quando soube que o ator Christian Bale ia fazer o Batman não recebi muito bem a informação. Embora tenha começado bem cedo no cinema, em “Império do Sol”, nunca o achei tão bom assim, ainda mais pela dicção ruim. Mas se na série do super-herói ele já havia me surpreendido, em “O exterminador do futuro 4: A salvação” ele apagou qualquer má impressão.

No melhor longa da saga, Bale é John Connor, líder da resistência humana contra a Skynet e seu exército de máquinas. Prestes a descobrir um jeito de destruir de vez os exterminadores, o herói conhece Marcus Wright (Sam Worthington), um estranho sem memória, que surgiu do nada e só lembra de ter estado no corredor da morte.

O ator, aliás, rouba todas as cenas. É a prova de que não é necessário ter um rosto famoso para que o filme dê certo. Com a chegada de Marcus, Connor precisa descobrir se ele vai mata-lo ou ajuda-lo, ainda mais quando descobre que ele, na verdade, é um robô (o que o próprio Marcus não sabia).

Mas isso não é tudo. Quem não acompanhou as outras três edições não vai ficar tão perdido. Durante o filme, Connor ouve repetidas vezes uma fita em que sua mãe, Sarah, conta mais ou menos o que está por vir, inclusive que ele encontrará seu pai,
Kyle Reese (Anton Yelchin) ainda adolescente.

Explicando assim parece meio confuso, mas não é. O roteiro é bem amarrado e as cenas são incríveis, embora tenham sido dirigidas por McG, do fraquíssimo “As panteras”. Os efeitos estão impecáveis, assim como a sonoplastia, meio “Guerra dos mundos”.

Para ninguém sentir falta de Arnold Schwarzenegger, o ator aparece no final, mas computadorizado, no corpo de Roland Kickinger. Desta vez ele tenta acabar com a vida de Bale. E quase consegue! E, se não faltou Schwarzenegger, também não faltou Guns. O clássico “You could be mine” embala uma das cenas de Connor.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Um leitor ignorante

Lendo o maravilhoso artigo de Mário Marques, no JB, em que ele fala que, após escutar Chico Buarque nos convencemos que a idiota da Mallu Magalhães e o patinho feio da Susan Boyle não são nada - o que nem precisa de muito - deparei-me com um comentário um tanto quanto bizarro.

Para espanto do próprio autor, ele recebeu um e-mail de um leitor sobre o Viradão Cultural, que a prefeitura do Rio promove esta semana.

No texto de Venâncio Amorim, do Méier, ele diz que “o mal de políticos despreparados para serem gestores da cultura como a Jandira Feghali é que eles acham que oferecer showzinho na comunidade é cultura. Acham que estão fazendo um favor, mantendo as pessoas em seus bairros. Quando quero ter acesso à cultura vou a Ipanema, a Copacabana, ao Leblon, aonde for, oras. Esse pensamento de levar 'cultura' no lugar onde as pessoas moram é de uma ignorância e de uma segregação ímpar".

Ímpar, meu caro Venâncio, é a sua burrice, que me deixa até encabulada. Estou há horas tentando achar palavras para qualificar um comentário tão infeliz.

Quando morava em Irajá reclamava muito que os melhores shows e peças teatrais aconteciam na Zona Sul e eu tinha que pegar dois ônibus para assistí-los. Fora a grana que tinha que gastar com os ingressos! E isso sem contar que, por ser mulher, não podia ir sozinha nem voltar tarde. Era um transtorno.

Agora, casada e morando na Zona Sul, posso fazer muitas coisas a pé! Ficou tudo mais fácil.

Mas não esqueço as minhas origens e me solidarizo com quem se preocupa em ouvir e assistir a coisas interessantes, diferentes. Todos temos direito de ter acesso à cultura, seja na Baixada ou em Ipanema, por um preço que condiz com nossa realidade.

Esse cidadão pode até ter rancor da nova gestão por não ter votado nela, mas criticar uma atitude como essa, de levar cultura e entretenimento a todos os cantos do Estado, de graça e a preços populares, é incompreensível. Só mostra que não são os seus vizinhos os ignorantes, mas ele mesmo.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sarney recebe auxílio-moradia por um ano e diz que não sabia

O ex-presidente José Sarney disse hoje que não sabia que estava recebendo auxílio-moradia. O presidente do Senado explicou que nunca solititou o benefício, uma vez que tem casa própria em Brasília, e que, por um equívoco, em 2008, estavam depositando na conta dele a quantia de R$3.800,00.

Mas o bom samaritano garantiu que já solicitou a retirada do montante e pediu desculpas.

Pergunta que não quer calar 1: como depositam, durante um ano, uma determinada quantia na sua conta e você não tem a curiosidade de saber de que se trata?

Pergunta que não quer calar 2: Até quando esses meliantes vão continuar impunes?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Bela iniciativa

O governador do Rio, Sérgio Cabral, conclamou na tarde desta segunda que os membros do governo assumam suas orientações sexuais sem constrangimentos.
Para ele, os servidores devem seguir o "livre-arbítrio" e deixar o preconceito de lado.

"A Polícia Civil, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, a Defensoria, eu conclamo a todos os membros do governo que no dia da Parada Gay se identifiquem e passeiem no desfile. O parlamentar homossexual, o jogador de futebol homossexual", disse.

Cabral completa que assumir a liberdade, o livre-arbítrio, o desejo, é uma conquista extraordinária. Nesta segunda, o governador do Rio participou da criação do Conselho dos Direitos da População LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) do Estado.
Uma pequena dúvida: podem ser membros da prefeitura também?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

X-Men Origins: Wolwerine - Dá sono de tão tosco

Como fã de X-Men fui ao cinema assistir à mais nova saga com grande espectativa, mas o filme é tão ruim que nem Hugh Jackman prendeu minha atenção.

Em X-Men Origins: Wolwerine, conhecemos a trajetória do antierói mais charmoso das telonas. Mas os efeitos são tão toscos e o roteiro é tão previsível que o sono chega antes mesmo do meio do filme.
Só para se ter uma ideia, em uma cena em que Wolwerine briga com o irmão, Victor, caem umas madeiras no chão e elas simplesmente não rolam. Logo depois, do nada, passa um caminhão, Wolwerine cai nele e o veículo continua numa boa, como se nada tivesse acontecido.
A direção é de Gavin Hood, de "O suspeito". Definitivamente ele não conseguiu dar sequencia aos trabalhos realizados por Bryan Singer, que dirigiu as duas primeiras séries, e de Matthew Vaughn, que comandou a terceira saga.

A Produtora dos filmes de X-Men, Lauren Shuler Donner, inclusive, já antecipou que quer a volta de Singer em X-Men: First Class. Pelo visto o longa tem chances de ser o próximo dos mutantes pela 20th Century Fox, antes mesmo do solo de Magneto.

A nova saga vai falar sobre os primeiros dias da equipe clássica de Xavier, da qual faziam parte Ciclope, Jean Grey, Anjo, Fera e Homem de Gelo.

Espero que Singer volte com força total, pois ele se recusou a fazer X-Men 3 - O Confronto Final pra dirigir o também chatíssimo Superman - O retorno.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Clandestinos - Uma das melhores peças em cartaz no Rio

Existe uma diferença gritante entre um diretor que não precisa fazer alarde e um que está desesperado para alcançar a fama. E isso fica muito claro quando assistimos "Clandestinos", de João Falcão.

A crítica veio tarde, uma vez que ontem foi o último dia do espetáculo no Teatro das Artes, na Gávea. Mas a peça retorna no próximo dia 17, em única apresentação, no Canecão.

No palco, um jovem diretor quer escrever uma peça sobre os diversos aspirantes a ator em busca da fama. Tem de tudo: de ex-modelo à gordinha que quer ser a mocinha da história.

Com um texto leve e sem estereótipos baratos, João Falcão critica, com muito humor e inteligência, a mídia, pseudo-artistas que se vendem a qualquer preço para aparecer, a indústria da beleza e tantos outros fatores que empobrecem, a cada dia, a arte cênica.

Os atores são todos encantadores. Parece que já estão na estrada há anos, embora nenhum ali tenha um rosto conhecido. Como se precisasse também! Há, ainda hoje, quem vá ao teatro pensando em ver um rostinho bonito e famoso, deixando em segundo plano o profissionalismo da companhia.

E um detalhe muito legal também é o fato de a maioria ali tocar um instrumento. Ou seja: além do show de interpretação, os atores surpreendem com a trilha sonora.

O cenário é impecável. Escuro, iluminado com velas para dar um charme às paredes rabiscadas de giz.

Não podia esperar menos de João Falcão, cujo currículo dispensa comentários.

"Clandestinos" volta dia 17 de maio, domingo, no Canecão. Programa imperdível.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Um político está se lichando para um país que não se importa

O deputado Sérgio Moraes, relator do caso contra Edmar Moreira no Conselho de Ética, declarou nesta quarta que não vê motivos para pedir a cassação do colega e que não deve prosseguir com as investigações.

Moreira ficou conhecido por possuir um castelo avaliado em R$ 25 milhões em Minas Gerais e é suspeito de utilizar irregularmente a verba indenizatória de R$ 15 mil a que os congressistas têm direito mensalmente para segurança. Mas, na opinião do relator, se os abusos cometidos com passagens aéreas foram perdoados, o mesmo tem que acontecer com Edmar.

Questionado se não estava preocupado com a má repercussão de uma possível absolvição do investigado, Moraes respondeu que está se lixando para a opinião pública.

Primeiro ponto: é verdade que, se Edmar for cassado por usar irregularmente a verba indenizatória, que pra mim já é errada, o Congresso inteiro tem que ser. Moraes não está totalmente leviano ao querer comparar o colega com aqueles que deram passagens para sogras e amantes.

Segundo ponto: o cara ganha meu dinheiro e fala que está se lixando para a minha opinião?

O pior não é ouvir isso, mas admitir que talvez ele tenha dado essa declaração por se tocar que o público não tem opinião.

Um bloco de carnaval, no mês da folia, arrasta um milhão de pessoas pela Rio Branco. Elas pisam em urina, são esmagadas, pisoteadas, assaltadas, mas estão lá, sorrindo, embaixo de sol ou chuva, colocando pra fora toda devassidão que guardam durante todo o ano.

Agora, quando um político rouba dinheiro público, quando uma criança é arrastada por uma rua onde todas as autoridades do país sabem que é perigosa, mas nunca planta sequer uma viatura, todos sentam em frente à TV e choram. Só.

Não somos o país da piada pronta, como diz José Simão. Somos a piada! Chegamos a esse ponto porque deixamos, porque nos esquecemos do nosso passado. A juventude hoje sequer sabe o que foi a Passeata dos Cem Mil. Deve achar até que foi um bloco qualquer. Estamos hoje coniventes com tudo o que acontece numa nação que idolatra BBBs.

Uma vergonha!

domingo, 3 de maio de 2009

Algumas palavras sobre Augusto Boal

Há pessoas que, só de falar o nome, não precisam de elogios, pois torna-se até redundante. É o caso de Augusto Boal, um dos maiores homens de visão que o teatro já teve e que nos deixou neste 2 de maio cinzento.

No início da década de 50, José Renato Pécora, aluno do grande Décio de Almeida Prado, da Escola de Artes Dramáticas de São Paulo, trouxe para o Brasil as técnicas do Teatro de Arena, criadas pela americana Margot Jones.
Diferente dos palcos tradicionais, onde "você sempre tem a defesa das outras paredes", como explica o próprio, na arena só existe o ator e o público.

Era o início de uma nova era, de onde sairiam os maiores textos e nomes dos palcos brasileiros.

Alguns anos depois, sem conseguir dar conta das atividades da companhia que criara, por sugestão de Sábato Magaldi, Pécora convidou Boal para dirigir as peças com ele. Começa a melhor fase do Teatro de Arena de São Paulo.

Acompanhado por Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho, Sergio Britto, Milton Gonçalves, entre outros, Boal escreveu e dirigiu as maiores peças de todos os tempos. Logo após a sua chegada, Guarnieri o apresentou "Eles não usam black tie", que ficou um ano em cartaz e, tamanha era a proximidade com a história em que o país vivia, o texto permanece atual.

Depois veio a série de musicais, outras companhias se formaram, como CPC da Une, Teatro Oficina, Teatro do Oprimido... Tudo fruto do Teatro de Arena de São Paulo, sob influência de Augusto Boal.

Ele pensou, em primeiro lugar, no povo. Deu valor a textos nacionais, que falassem do e para o operário, as donas de casa, o oprimido. Levou o teatro para as cadeias de diversas partes do mundo. Foi indicado a prêmio Nobel da Paz por isso.

Era sisudo, difícil de lidar - me deu foras e foi duro - mas não abandonou suas raízes, mesmo depois da concorrência desleal da televisão.

Muitos que trabalharam com ele e que levantaram a bandeira do teatro popular hoje se esqueceram disso. Há atores e atrizes que chegaram a ser espancados no meio da rua, nus, e que hoje não fazem peça por menos de R$ 50 o ingresso e ainda aceitam papéis medíocres em novelas, que estão cada vez perdendo mais o sentido, como Marília Pêra.

Mas Boal fez história e deu valor a ela até sua morte. Espero que ele não tenha ido tão decepcionado com o teatro de hoje.

Já que muitos só dão valor quando perdem algo precioso, torço para que ele seja mais estudado e que seus ideais não morram, como os de muitos de sua época.

Palmas para o mestre.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Eu, hein!

O deputado Jorge Babu criou um projeto de Lei que visa obrigar a Secretaria estadual de Saúde a divulgar lista de todas as pessoas que têm o vírus HIV.

Para ele, "o princípio da isonomia ensina que devemos tratar os iguais de forma igual e os diferentes de forma diferente". Babu acredita que profissionais envolvidos no atendimento a pessoas acidentadas possuem o direito, constitucional, de saber se estão tratando de um cidadão soropositivo".

A proposta, obviamente, causou polêmica. Mas o objetivo aqui não é nem discutir o teor do projeto pra não dar ibope. Como diz meu pai "não bata palmas para maluco". A questão é: o que uma pessoa expulsa do PT por comprovadamente participar de milícia está fazendo na Câmara, recebendo salário que sai do meu, do seu, do nosso bolso?

Como diz Ancelmo Gois: "Eu, hein!".

terça-feira, 14 de abril de 2009

Parem de falar mal da rotina

Até que enfim uma comédia inteligente

Havia tempos em que não dormia em uma peça de comédia. Às vezes tento imaginar até onde certos diretores vão chegar para atrair o público, tamanha besteira que ando vendo por aí. Acho que eles precisam é de uma aula com a talentosa Elisa Lucinda, em cartaz no teatro Sesi com a peça “Parem de falar mal da rotina”.

Antes de contar o espetáculo, é preciso falar um pouquinho sobre a carreira dessa artista. Poetisa, atriz, intelectual, simples e simpática. Uma observadora da vida, espectadora atenta a esses grandes atores que somos nós.

Logo no início de “Parem de fala mal da rotina” ela já avisa que adora escutar conversa alheia, “fofocar”. E foi daí que nasceu essa divertida comédia.

Ela não fala nada que não sabemos, nenhuma anomalia. Coisas básicas do tipo “respeitem nossas crianças”, “não sejam controlados pela moda”, “amem como se fosse o último dia de vocês”. O problema é que vivemos hoje uma vida tão mecânica que precisamos, o tempo todo, que alguém nos lembre disso, que alguém nos diga que a rotina somos nós que escolhemos.

Outro fato importantíssimo que ela leva para o palco é a importância da poesia. Ao menos no meu tempo – e duvido que ainda tenha isso hoje, eu era obrigada a simplesmente ler alguns textos. Tinha sempre uma professorinha que, como “castigo”, mandava o aluno mais preguiçoso recitar o poema em voz alta e quem pagava era mais a turma do que a suposta vítima. “As pessoas não sabem ler poesia”, grita Lucinda, com voz quase que de desespero.

E é verdade. Quem pega uma letra de música e a declama? Quem hoje pega um Neruda ou um Castro Alves e tenta entrar na mente desses dois grandes poetas, mergulhando em seus tão brilhantes versos?

A poesia agoniza à espera de alguém a sinta, não simplesmente a leia.

No palco, Elisa canta, declama, chora, briga, emociona. Ao final do espetáculo, em cartaz há 8 anos, a atriz pergunta “quem já viu essa peça mais de uma vez?”. Não são poucos que respondem “mais de 3”. Prova do sucesso absoluto.

Parem da falar mal da rotina
Teatro Sesi
Avenida Graça Aranha, 1 - Centro
Sexta, sábado e domingo, às 19h
Temporada até 31 de maio
Informações: 2563 - 4163
Classificação: 14 anos

segunda-feira, 9 de março de 2009

Atriz e modelo salva "Cachorras quentes"

Entre tantos modelos que pensam que são atores, uma se destaca por verdadeiramente trabalhar bem. Em "Cachorras quentes", de Luis Carlos Góes, a atuação de Gianne Albertoni foi a única coisa que me chamou atenção em um texto fraco e sem graça.

De acordo com o programa, a peça leva ao palco inquietações e dramas femininos, mas o que percebi foi um autor tentando fazer comédia a todo custo e, como muitos na mesma situação, carrega o texto de palavrões como se fosse a única solução para arrancar risadas. E o pior é que ainda funciona!

Mas as atrizes são boas. Além de Albertoni, Letícia Isnard também empolga. Mas só. Dirigidas por Marcus Alvisi, elas interpretam um casal de lésbicas que têm medo até da visita de um chaveiro (?), duas irmãs hipocondríacas cheias de caras e bocas e outras personagens sem sentido algum.

Serviço

Peça: "Cachorras quentes"
Local: Sala Tônia Carrero, do Teatro Leblon,
Dias e Horários: de quinta a sábado, às 21h; domingo, às 20h. Até 3 de maio
Endereço: Rua Conde Bernadotte, 26
Ingresso: R$ 60,00 (qui.e sex.) e R$ 70,00 (sáb.e dom.)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Se eu fosse você - 2

Provei pra mim mesma que não se deve tirar conclusões precipitadas

Nem precisava ter passado por isso pra saber, mas valeu para reforçar.

Falo isso porque fui assistir a "Se eu fosse você 2" com os dois pés atrás. Não sou fã desse tipo de filme, acho que o Brasil tem longas muito mais interessantes, fora do circuito, e comédia, pra mim, só de Woody Allen e companhia.

Pra início de conversa, qualquer filme com Tony Ramos e Glória Pires só pode dar certo. É indiscutível o talento dos dois. Vide "O primo Basílio", que não foi lá essas coisas, mas a Juliana da Glória é simplesmente impecável. Quanto ao Tony, desconheço sua carreira cinematográfica, mas, em se tratando de novela, ele está muito acima de um Lima Duarte ou um Antônio Fagundes, que lembram sempre os mesmos personagens (mas reconheço o talento de ambos, que fique claro!). Afinal, não é pra qualquer um fazer um papel feminino sem simplesmente ser uma bichona ou interpretar um homem sem virar um machão.

O roteiro de Adriana Falcão, Euclydes Marinho e Renê Belmonte não podia estar mais amarradinho. O texto flui bem e, combinando com a direção sempre impecável de Daniel Filho, não podia dar outro resultado: mais de dois milhões de espectadores em 10 dias de exibição.

Enfim, essa é a melhor versão de "Se eu fosse você". O filme está mais maduro e já pede um terceiro. Vale a pena conferir!

Completam o elenco a "Emília" Isabelle Drummond, Cássio Gabus Mendes, Vivianne Pasmanter, Marcos Paulo, Chico Anysio - sempre engraçado - Maria Luisa Mendonça, Adriane Galisteu - desnecessária - , Maria Gladys, Bernardo Mendes (fraquinho...) e Ary Fontoura.