
Há exatos 120 anos os negros foram libertos da escravidão. Trazidos para o Brasil em meados do século XVI, eles deixaram importantes marcas na nossa cultura. A capoeira, o candomblé e o samba, por exemplo, foram influenciados por esses grandes guerreiros. E um pouco dessa história é contado no espetáculo Intore, montado pelo grupo Kina Mutembua e Orquestra de Berimbaus, da ONG Ação Comunitária do Brasil/RJ (ACB/RJ).
Intore é um show de dança e música afro-brasileiras que faz a releitura de um trabalho tradicional realizado pelo Ballet Nacional de Ruanda. Ele é dividido em duas partes. Na primeira etapa é exibida uma dança típica de conotação sagrada que era realizada apenas pelos guerreiros africanos escolhidos por atributos físicos e morais. Pra quem não sabe, "Intore" significa "Os Escolhidos".
No segundo tempo um resgate da cultura afro disseminada e miscigenada no país é feito com muita cor e batuque. Logo ganham destaque ritmos regionais como samba de roda, maculelê e jongo, além, é claro, da capoeira, da MPB e músicas em dialeto Banto (africano), que marcam o trabalho do grupo.
Quem está na platéia não consegue se conter. O ritmo é envolvente e os dançarinos não param do início ao fim.
O grupo apreendeu a arte com alguns dos próprios artistas do Ballet Nacional de Ruanda durante intercâmbio proposto pela ONU, em 2006. Essa união fez com que o Kina fosse citado como referência de trabalho na área da economia criativa em recente relatório da ONU, lançado na Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), no último dia 20 de abril.