domingo, 11 de maio de 2008

Crítica: Bella

Estava faltando um filme como este nos cinemas

Em muitas culturas acredita-se que, ao morrermos, nossa alma se desgarra de nós em forma de borboleta para um novo renascimento. Em grego antigo, Borboleta diz-se Psyché, ou seja, alma. Por sair do casulo ao nascer, a borboleta é símbolo da imortalidade e seu surgimento anuncia a morte e a vida.

Baseado nesse simbolismo o diretor Alejandro Gomez Monteverde nos apresenta o maravilhoso “Bella”, seu primeiro longa-metragem, que fala sobre o amor pela família, pelas coisas mais simples da vida, da verdadeira amizade, além de discutir a vida e a morte.
"Bella" é uma produção independente, rodada em Nova Iorque e tem no seu elenco atores americanos e mexicanos.

Nina (Tammy Blanchard) é demitida do restaurante mexicano de Manny (Manny Perez) e, para completar, está grávida. José (Eduardo Verástegui) é um ex-jogador de futebol de sucesso e chef principal do estabelecimento, que pertence a seu irmão. O moço sente compaixão pela garçonete e larga o trabalho para fazer companhia a ela naquele dia tão difícil.

Pelas ruas de Nova Iorque, Nina fala sobre a importância de se criar uma criança em um lar rodeado de amor, o que não aconteceria ao seu bebê, pois ela sequer ama o pai da criança.

Sempre ouvindo atentamente o que a moça diz, José tenta convencê-la a dar a volta por cima, vencer seus medos e dar valor à vida, não só a dela como a que está carregando, mas Nina já está decidida a interromper a gravidez.

José decide então levá-la para a casa de seus pais e conta que, no auge da carreira de jogador, atropela uma criança, tirando sua vida. Ele fica quatro anos na prisão e, ao sair, nunca mais entrou em campo. E foi seu irmão adotado, Manny, que lhe deu a chance de trabalhar em seu restaurante.

Só aí que Nina, que perdera o pai aos 12 anos e conviveu com uma mãe que desistira de viver, entendeu como as pessoas podem superar as adversidades quando se tem carinho e toma uma decisão surpreendente.

“Bella” não tem atores famosos nem é repleto de efeitos especiais, mas é um dos filmes mais bonitos e emocionantes dos últimos tempos, pois conquista justamente com a sua simplicidade.

A impressão que dá é que Monteverde, que também assina o roteiro, pede para Blanchard e Verástegui saírem pelas ruas conversando sobre a vida, de tão espontâneos que são os diálogos. Fora a bela fotografia de Andrew Cadelago e o sutil simbolismo que Joseph Gutowski e Fernando Villena, que assinam a montagem, dão ao renascimento.

Vencedor do Prêmio do Público do Festival Internacional de Cinema de Toronto, no Canadá, Bella está com estréia prevista para 16 de maio.
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Ficha técnica
Título original: Bella
México / EUA, 2006,
91 minutos
Gênero: Drama
Direção: Alejandro Gomez Monteverde
Roteiro: Alejandro Gomez Monteverde, Patrick Million e Leo Severino
Direção de fotografia: Andrew Cadelago
Montagem: Joseph Gutowski e Fernando Villena
Música original: Stephan Altman
Distribuição nacional: California Filmes
Elenco
Eduardo Verástegui - José
Tammy Blanchard - Nina
Manny Perez - Manny
Ali Landry - Celia
Angélica Aragón - Mother
Jaime Tirelli - Father
Ramon Rodriguez - Eduardo
Destaques
Melhor filme pelo júri popular no Festival de Toronto 2006 - Prêmio Crystal Heart no Festival de Heartland 2007 - Prêmio de Atuação Inspiradora no MovieGuide 2008