
Certa vez o trompetista Lee Morgan declarou que “a música é a única coisa que atravessa todos os grupos étnicos e todas as línguas”. Mal sabia ele que sua frase traduziria bem a intenção do Projeto Aquarius, que neste ano homenageia a Bossa Nova.
Em 1972, o jornalista Roberto Marinho e o maestro Isaac Karabtchevsky idealizaram um projeto que desse uma roupagem popular à música erudita. Era o nascimento do Projeto Aquarius.
Trinta e seis anos depois, mais de oito milhões de pessoas assistiram a cerca de 300 apresentações ao ar livre, em locais diferentes como Quinta da Boa Vista, Aterro do Flamengo e Enseada de Botafogo. Neste ano será a vez da Praia de Copacabana.
Aproveitando que a Bossa Nova completa 50 anos, o arranjador, compositor, pianista, orquestrador e regente Gilson Peranzzetta foi convidado a fazer arranjos que mostrassem as afinidades entre o estilo com a música clássica nesta edição, que ganhou o nome de “Bossa Nova em Concerto”.
Ao lado de Peranzzetta, com quem está lançando um CD, estará o saxofonista e flautista Mauro Senise, há 20 anos no projeto. Senise tocará alguns sucessos, como “Insensatez”(Tom Jobim e Vinícius de Moraes), “Samba da Minha Terra”(Dorival Caimmy) e “Barquinho” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).
Neto do pensador Alceu Amoroso Lima e aluno do clarinetista e arranjador Paulo Moura, Senise coleciona grandes parcerias, como o multiinstrumentista Hermeto Pascoal, o maestro Wagner Tiso e o instrumentista, arranjador e compositor Luis Eça.
Quem também participa do evento é a estreante Leila Pinheiro, que já prestou sua devida homenagem à Bossa Nova, quando esta completou trinta anos, em 89, com um CD onde fez um mergulho nos maiores clássicos deste estilo.
A melhor maneira de inserir a música clássica para todos
Ao lado de Senise e Leila também estarão o violonista Turíbio Santos, marcando sua estréia no Aquarius, e a Orquestra Petrobrás Sinfônica, regida por Isaac Karabtchevsky.
Filho de um dos maiores maestros do Brasil e fundador da Orquestra Petrobras Sinfônica, Armando Prazeres, o ex-aluno – e agora assistente – de Issac, Carlos Prazeres falou sobre o Projeto.
“O Aquarius é um dos maiores responsáveis pela formação de um público erudito porque é a melhor maneira de inserir a música clássica para todos. Isso é algo que não tem precedentes na história do Brasil”.
Até 1997, Prazeres foi o primeiro oboé da Orquestra Sinfônica Petrobras. Em 2005, estreou na posição de seu pai, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e hoje é maestro da Academia Petrobras Sinfônica e da Camerata Santa Teresa, que reúne os principais líderes de cordas do RJ.
Um divisor de águas
Diretor musical da Orquestra Sinfônica Brasileira durante 20 anos e hoje diretor artístico da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Isaac Karabtchevsky contou que o Aquarius nasceu quando compreendeu-se que o povo não tinha alcance da música clássica, pois lhe faltava elemento de contato, de veiculação.
“Colocamos no papel a idéia motriz de levar a música erudita para as multidões e vimos que a melhor forma de se fazer isso era veiculando o projeto na mídia, principalmente na televisão, pois foi graças a ela que o Aquarius adquiriu uma feição própria”, explica.
Realmente, o Aquarius é um divisor de águas. Ele permite que o público tenha um olhar diferenciado sobre a música clássica e compreenda que o estilo pode ser apreciado por todas as gerações.
E isso poderá ser claramente comprovado neste sábado, 21, a partir das 20h, no Campo de Marte, no Forte de Copacabana, com entrada franca.
Veja abaixo a programação e bom espetáculo.
Programa:
1. Locução de um texto de Ruy Castro;
2. Abertura "Aquarius" (Gilson Peranzzetta);
3. Chega de saudade (Tom Jobim/Vinicius de Moraes);
4. Prelúdio nº 4 (Chopin). Solista; Gilson Peranzzetta (piano);
5. Insensatez (Tom Jobim e Vinícius de Moraes). Solista: Mauro Senise (sax);
6. Samba da minha terra (Dorival Caimmy);
7. Nanã (Moacir Santos e Mário Telles). Solista: Mauro Senise (sax);
8. Daphnis et Chloé (Maurice Ravel);
9. Corcovado (Tom Jobim). Solista: Leila Pinheiro;
10. Samba de verão (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle);
11. Eu sei que vou te amar (Tom Jobim e Vinícius de Moraes). Solista: Mauro Senise (sax);
12. Medley de violão – “Dindi” (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), “Garota de Ipanema”(Tom Jobim e Vinícius de Moraes), “Cadenza do concerto para violão” (Heitor Villa-Lobos). Solista: Turíbio Santos (violão);
13. Concerto para violão - 3º movimeto (Villa-Lobos). Solista: Turíbio Santos (violão);
14. Balanço Zona Sul (Tito Madi);
15. Samba de uma nota só (Tom Jobim e Newton Mendonça). Intérpretes: Gilson Peranzzetta (piano), Mauro Senise (sax), Zeca Assumpção (contrabaixo), Nelson Faria (guitarra), Márcio Bahia (bateria) e Amoy Ribas (percussão) ;
16. Rhapsody in blue (George Gershwin. Solista: Gilson Peranzzetta;
17. Wave (Tom Jobim). Solista: Leila Pinheiro;
18. Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça);
19. Você e eu (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes);
20. La Mer (Claude Debussy);
21. Barquinho (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Solista: Mauro Senise (flauta);
22. Estamos aí (Maurício Einhorn, Durval Ferreira e Regina Werneck). Solista: Gilson Peranzzetta;
23 Samba do avião (Tom Jobim). Solista: Leila Pinheiro;
24. Ela é carioca (Tom Jobim e Vinícius de Moraes). Solista: Leila Pinheiro.