sexta-feira, 11 de abril de 2008
Gonzaguinha é homenageado pelo filho
O cantor Daniel Gonzaga, filho e neto de ícones da música brasileira, homenagea seu pai, Luís Gonzaga, em seu mais recente trabalho, Comportamento Geral.
Seu quinto CD é composto por 15 músicas de Gonzaguinha, algumas já bem conhecidas, como "Explode Coração" e "O que é o que é", e a inédita "Namorar". Ele foi gravado de uma maneira diferente, ao vivo, no estúdio, sem cortes e edições computadorizadas.
Dedilhando seu violão, Daniel fala sobre Comportamento Geral, sobre música e seu próximo trabalho.
Culturaetc. – Daniel, fale um pouco sobre Comportamento Geral.
Daniel Gonzaga – Diferente dos meus outros trabalhos, Comportamento Geral tem apenas músicas do meu pai. É um CD muito especial porque traz toda a minha família, em todos os sentidos. Primeiro porque eu estou cantando as músicas do meu pai e depois porque eu gravo com uma equipe que trabalha comigo há algum tempo e essa foi então a fotografia de um momento “Daniel enxergando o pai”.
Culturaetc. – Você tem um CD onde você faz uma homenagem ao seu avô, não é isso?
D.G. – Sim, é o meu terceiro CD. Então agora a minha família está fechada. E de agora em diante a gente pode se ocupar de projetos mais autorais.
Culturaetc. – E por que Comportamento Geral?
D.G. – Porque eu acho que a vida do Gonzaguinha, por si só, já foi um comportamento geral e porque a gente queria passar uma mensagem de cuidado com a comunidade, para ela não acreditar nos políticos e defender os seus próprios direitos, não com revolta, mas com inteligência, parar de trabalhar pelo bem do patrão, mas em benefício próprio, aproveitar os horários de preguiça e não os horários de trabalho, ser um cidadão melhor e parar de reclamar do próximo. Então Comportamento Geral é pra falar disso tudo com mais abertura.
Culturaetc. – Você sempre pensou em ser músico?
D.G. – Sempre, desde que eu me entendo por gente. Eu faço coro infantil desde os seis anos de idade, gravei com meu pai, com o Chico Anysio, Erasmo Carlos, comecei a tocar com doze, gravei o meu disco com 21 e é isso. Pra dizer que não pensei, eu fiz faculdade de jornalismo, estudei até o quinto período, mas com os shows não deu mais. Me sustento com a música desde os 18 e não dá tempo de ser outra coisa.
Culturaetc. – Você é sempre comparado com o seu pai e o seu avô? Como você lidá com isso?
D.G. – Comparações sempre rolam. A gente passa por isso o tempo inteiro, mas acho que o negócio não é saber se é melhor ou pior, mas apresentar uma proposta honesta e eu acho que isso é o que conta. Na verdade essa pressão deixou de acontecer há muito tempo porque eu não sucumbi a ela e eu já estou indo para um sexto disco. Então uso o meu tempo para trabalhar e não pra ficar pensando se estou fazendo certo ou errado. Acho que chegar aqui já é um índice de que estou fazendo as coisas certas. Esse tipo de pressão é pra quem está inseguro, pra quem não sabe seu caminho e eu sei bem o meu.
Culturaetc. – Como foi a escolha do repertório deste novo CD?
D.G. – Foi difícil porque o Gonzaga tem cerca de 400 canções e todas são boas. Então foram seis meses escutando bastante Gonzaguinha pra definir o que a gente queria fazer. Acabou que foi um pouco pelo coração e um pouco pelo que ele queria falar nas letras, pelo social.
Culturaetc. – E tem alguma que você aponte como a melhor composição, a melhor canção?
D.G. – Não dá, é impossível, é muita coisa. Às vezes você gosta de uma em um determinado momento e de outra num momento totalmente diferente. É difícil você apontar uma melhor canção. Tanta coisa fez parte da minha vida, nos shows, no dia-a-dia, ao vê-lo compondo, então não dá pra ter essa preferência.
Culturaetc. – Como foi a experiência de gravar um CD ao vivo, no estúdio, sem cortes e edições?
D.G. – A gente passou por um período de tanta limpeza digital que as pessoas esqueceram que elas são falhas, ficam roucas, têm problemas, o violão desafina. Então a gente quis passar essa atmosfera para o público, de um show controlado, sem público – é muito chato a gravação para quem está escutando – , e a gente queria passar essa noção de um artista cantando mesmo. Quem ouve o disco pode ter essa sensação de ter um show em casa e isso faz ele ficar parecido com o disco, que ficou mais original, com uma cara mais moderna. A gente não mudou nada. Tudo o que foi feito ali é de verdade, sem adicionar nada depois.
Culturaetc. – Como está essa questão de apoio cultural, de gravar um CD?
D.G. – Gravar CD é mole, é simples. Com um computador em casa hoje você grava um CD. Mas depois vem a questão da grana para você divulgar este CD e eu acho que o maior problema está aí, por conta das emissoras de rádio e de televisão. É muita demanda, tem muita gente gravando. A gente vive uma fase muito feliz devido à democracia tecnológica e por isso se torna fácil gravar CD. Eu acho que a gente, enquanto cidadão, precisa procurar outros caminhos, na internet, na televisão, nos jornais, parar de ouvir sempre as mesmas coisas, procurar abrir a cabeça para o novo, que está chegando, para as novas bandas, os novos artistas, os novos compositores. E também não acho que a gente está vivendo uma crise da música, como dizem os jornais. Eu não acredito nessa crise da música porque tem muita gente compondo muito bem. A crise está mais nesse hiato que a gente está vivendo de não saber para onde vai a TV digital, que foi modelo imposto pelo nosso queridíssimo Ministro das Telecomunicações, totalmente guiado por outra emissora, o MP3, a mídia do disco, o que vai acontecer com ela, se é pirataria, se não é... Mas a música brasileira está muitíssimo bem. Então tem muita coisa que entra nessa discussão de como é gravar um CD, pra que serve um CD. O objetivo é fazer o cidadão se conscientizar de que ele é o grande fomentador dessa música que acontece no Estado, no país, parar de comprar disco pirata na rua, não por uma questão de moral e de ordem, até porque eu sou contra, mas por uma questão de que, se você compra CD pirata, você não pode reclamar que existe uma produção, pois você está furando uma produção que acontece. E até mesmo parar de comprar CD pirata para alimentar os artistas que estão fazendo novas coisas.
Culturaetc. – Você acredita que as gravadoras estão perdendo o seu império e por isso são contra o download de músicas?
D.G. – As gravadoras já quebraram. Elas temem perder o controle da música, mas isso é uma coisa impossível de se frear. O objetivo hoje é anexar um outro valor à música e isso vai fazer o compositor trabalhar cada vez mais, pois ele vai poder gravar seu CD em casa e lançar na internet. E estimular também o uso consciente disso. A gente tem é que ser mais cidadão, em todos os sentidos.
Culturaetc. – Como está o processo do seu 6° CD?
D.G. – A gente lança um disco e já começa a trabalhar o próximo. Estou com umas 35 músicas inéditas e agora entra o processo de seleção, concepção do disco, para onde você quer levar, o que você quer dizer, quais são as músicas que você acha que têm que entrar, quais as músicas que, dali, vão para outros compositores etc. Então eu estou nesse trabalho de seleção, vou começar a gravá-las em casa e fazer toda a pré-produção, que é definir qual o arranjo que eu quero, que instrumentos vão entrar. Feito este trabalho, que demora cerca de um ano, a gente entra em estúdio para começar a gravar. as o processo de gravação vai ser muito semelhante a este disco. A gente vai gravar tudo ao vivo também, com uma dinâmica de gravação diferente. Não quero gravar mais nada separado, quero ser mais original.
Para saber mais sobre Daniel Gonzaga, basta entrar no site do cantor: www.danielgonzaga.com.br.
Crítica: Estômago

Culinária, paixão, crime e poder. Esses são os principais ingredientes de Estômago, uma tragicomédia que estreou nesta semana e já aculuma oito prêmios, inclusive o de Melhor Filme do Festival 2007.
Raimundo Nonato sai do Nordeste em busca de uma oportunidade melhor. Na cidade grande, assim que chega, consegue o emprego de cozinheiro, após beber e comer de graça em um boteco.
A partir de então, descobre seus dotes culinários, garante uma boa clientela para o boteco, arruma uma namorada – a prostituta Íria – e ainda é convidado para trabalhar em um restaurante italiano.
Contando assim parece um filme sobre superação, mas está longe disso. Nonato comete um crime e o filme intercala cenas dele na cadeia e na cozinha. Mas o público só sabe qual crime ele cometeu na última cena.
Nonato é João Miguel, um talentoso ator baiano que, por sua ótima atuação, ganhou o prêmio de Melhor Ator do Festival do Rio 2007, também conquistado em 2005 por Cinemas, Aspirinas e Urubus.
Para quem estreou em um longa, Fabiula Nascimento incorporou a prostituta gulosa Íria como ninguém.
Babu Santana, que também está nos cinemas com Maré, Nossa História de Amor, é Bujiú, chefe da cela onde Raimundo está preso, mas que logo cai nas suas graças por seus dotes culinários. Integrante do Nós do Morro, o ator, que estreou em Cidade de Deus, ganhou o Prêmio Especial do Júri do Festival do Rio 2007 por sua atuação nos dois filmes.
A direção de Estômago fica por conta do estreante em longas, Marcos Jorge. E que estréia! O filme conquistou quatro prêmios no festival do Rio 2007: Melhor Filme pelo Público, Melhor Diretor, Melhor Ator e Prêmio Especial do Júri. Pela Europa, recebeu ainda o prêmio Lions Award e foi o segundo colocado, entre 200 longas, na preferência do público, no Festival Internacional de Rotterdam, na Holanda. O filme conquistou também o Festival Internacional de Punta Del Este, no Uruguai, com os prêmios de Melhor Filme e Menção Especial de Melhor Ator e foi apontado como melhor filme latino-americano no Festival Cinematográfico do Uruguai.
Destaque para a direção musical de Giovanni Venosta, que deu um tom especial para as cenas em que Nonato cozinhava. Ele fazia seus pratos como um regente orienta seus músicos em uma ópera.
O filme foi inspirado no conto “Presos pelo Estômago”, do livro Pólvora, Gorgonzola & Alecrim, de Lusa Silvestre, que assina o roteiro. Trata-se de uma obra instigante que veio como uma sátira a esse mundo antropofágico que vivemos, onde homens se devoram a troco de nada e os dotes de Raimundo servem para mostrar um pouco as artimanhas que usamos para chegar ao poder.
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Estômago
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 112 minutos
Direção: Marcos Jorge
Roteiro: Lusa Silvestre, Marcos Jorge, Cláudia da Natividade e Fabrizio Donvito, baseado em argumento de Lusa Silvestre e Marcos Jorge
Produção: Cláudia da Natividade, Fabrizio Donvito e Marcos Cohen
Música: Giovanni Venosta
Fotografia: Toca Seabra
Direção de Arte: Jussara Perussolo
Figurino: Marisol Grossi
Edição: Luca Alverdi
Elenco
João Miguel (Raimundo Nonato)
Fabiula Nascimento (Iria)
Babu Santana (Bujiú)
Carlo Briani (Giovanni)
Zeca Cenovicz (Zulmiro)
Paulo Miklos (Etecetera)
Jean-Pierre Noher (Duque)
Marco Zenni (Vagnão)
Marcel Szymanski (Valtão)
Helder Clayton Silva (Seqüestro)
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