quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sarney recebe auxílio-moradia por um ano e diz que não sabia

O ex-presidente José Sarney disse hoje que não sabia que estava recebendo auxílio-moradia. O presidente do Senado explicou que nunca solititou o benefício, uma vez que tem casa própria em Brasília, e que, por um equívoco, em 2008, estavam depositando na conta dele a quantia de R$3.800,00.

Mas o bom samaritano garantiu que já solicitou a retirada do montante e pediu desculpas.

Pergunta que não quer calar 1: como depositam, durante um ano, uma determinada quantia na sua conta e você não tem a curiosidade de saber de que se trata?

Pergunta que não quer calar 2: Até quando esses meliantes vão continuar impunes?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Bela iniciativa

O governador do Rio, Sérgio Cabral, conclamou na tarde desta segunda que os membros do governo assumam suas orientações sexuais sem constrangimentos.
Para ele, os servidores devem seguir o "livre-arbítrio" e deixar o preconceito de lado.

"A Polícia Civil, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, a Defensoria, eu conclamo a todos os membros do governo que no dia da Parada Gay se identifiquem e passeiem no desfile. O parlamentar homossexual, o jogador de futebol homossexual", disse.

Cabral completa que assumir a liberdade, o livre-arbítrio, o desejo, é uma conquista extraordinária. Nesta segunda, o governador do Rio participou da criação do Conselho dos Direitos da População LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) do Estado.
Uma pequena dúvida: podem ser membros da prefeitura também?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

X-Men Origins: Wolwerine - Dá sono de tão tosco

Como fã de X-Men fui ao cinema assistir à mais nova saga com grande espectativa, mas o filme é tão ruim que nem Hugh Jackman prendeu minha atenção.

Em X-Men Origins: Wolwerine, conhecemos a trajetória do antierói mais charmoso das telonas. Mas os efeitos são tão toscos e o roteiro é tão previsível que o sono chega antes mesmo do meio do filme.
Só para se ter uma ideia, em uma cena em que Wolwerine briga com o irmão, Victor, caem umas madeiras no chão e elas simplesmente não rolam. Logo depois, do nada, passa um caminhão, Wolwerine cai nele e o veículo continua numa boa, como se nada tivesse acontecido.
A direção é de Gavin Hood, de "O suspeito". Definitivamente ele não conseguiu dar sequencia aos trabalhos realizados por Bryan Singer, que dirigiu as duas primeiras séries, e de Matthew Vaughn, que comandou a terceira saga.

A Produtora dos filmes de X-Men, Lauren Shuler Donner, inclusive, já antecipou que quer a volta de Singer em X-Men: First Class. Pelo visto o longa tem chances de ser o próximo dos mutantes pela 20th Century Fox, antes mesmo do solo de Magneto.

A nova saga vai falar sobre os primeiros dias da equipe clássica de Xavier, da qual faziam parte Ciclope, Jean Grey, Anjo, Fera e Homem de Gelo.

Espero que Singer volte com força total, pois ele se recusou a fazer X-Men 3 - O Confronto Final pra dirigir o também chatíssimo Superman - O retorno.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Clandestinos - Uma das melhores peças em cartaz no Rio

Existe uma diferença gritante entre um diretor que não precisa fazer alarde e um que está desesperado para alcançar a fama. E isso fica muito claro quando assistimos "Clandestinos", de João Falcão.

A crítica veio tarde, uma vez que ontem foi o último dia do espetáculo no Teatro das Artes, na Gávea. Mas a peça retorna no próximo dia 17, em única apresentação, no Canecão.

No palco, um jovem diretor quer escrever uma peça sobre os diversos aspirantes a ator em busca da fama. Tem de tudo: de ex-modelo à gordinha que quer ser a mocinha da história.

Com um texto leve e sem estereótipos baratos, João Falcão critica, com muito humor e inteligência, a mídia, pseudo-artistas que se vendem a qualquer preço para aparecer, a indústria da beleza e tantos outros fatores que empobrecem, a cada dia, a arte cênica.

Os atores são todos encantadores. Parece que já estão na estrada há anos, embora nenhum ali tenha um rosto conhecido. Como se precisasse também! Há, ainda hoje, quem vá ao teatro pensando em ver um rostinho bonito e famoso, deixando em segundo plano o profissionalismo da companhia.

E um detalhe muito legal também é o fato de a maioria ali tocar um instrumento. Ou seja: além do show de interpretação, os atores surpreendem com a trilha sonora.

O cenário é impecável. Escuro, iluminado com velas para dar um charme às paredes rabiscadas de giz.

Não podia esperar menos de João Falcão, cujo currículo dispensa comentários.

"Clandestinos" volta dia 17 de maio, domingo, no Canecão. Programa imperdível.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Um político está se lichando para um país que não se importa

O deputado Sérgio Moraes, relator do caso contra Edmar Moreira no Conselho de Ética, declarou nesta quarta que não vê motivos para pedir a cassação do colega e que não deve prosseguir com as investigações.

Moreira ficou conhecido por possuir um castelo avaliado em R$ 25 milhões em Minas Gerais e é suspeito de utilizar irregularmente a verba indenizatória de R$ 15 mil a que os congressistas têm direito mensalmente para segurança. Mas, na opinião do relator, se os abusos cometidos com passagens aéreas foram perdoados, o mesmo tem que acontecer com Edmar.

Questionado se não estava preocupado com a má repercussão de uma possível absolvição do investigado, Moraes respondeu que está se lixando para a opinião pública.

Primeiro ponto: é verdade que, se Edmar for cassado por usar irregularmente a verba indenizatória, que pra mim já é errada, o Congresso inteiro tem que ser. Moraes não está totalmente leviano ao querer comparar o colega com aqueles que deram passagens para sogras e amantes.

Segundo ponto: o cara ganha meu dinheiro e fala que está se lixando para a minha opinião?

O pior não é ouvir isso, mas admitir que talvez ele tenha dado essa declaração por se tocar que o público não tem opinião.

Um bloco de carnaval, no mês da folia, arrasta um milhão de pessoas pela Rio Branco. Elas pisam em urina, são esmagadas, pisoteadas, assaltadas, mas estão lá, sorrindo, embaixo de sol ou chuva, colocando pra fora toda devassidão que guardam durante todo o ano.

Agora, quando um político rouba dinheiro público, quando uma criança é arrastada por uma rua onde todas as autoridades do país sabem que é perigosa, mas nunca planta sequer uma viatura, todos sentam em frente à TV e choram. Só.

Não somos o país da piada pronta, como diz José Simão. Somos a piada! Chegamos a esse ponto porque deixamos, porque nos esquecemos do nosso passado. A juventude hoje sequer sabe o que foi a Passeata dos Cem Mil. Deve achar até que foi um bloco qualquer. Estamos hoje coniventes com tudo o que acontece numa nação que idolatra BBBs.

Uma vergonha!

domingo, 3 de maio de 2009

Algumas palavras sobre Augusto Boal

Há pessoas que, só de falar o nome, não precisam de elogios, pois torna-se até redundante. É o caso de Augusto Boal, um dos maiores homens de visão que o teatro já teve e que nos deixou neste 2 de maio cinzento.

No início da década de 50, José Renato Pécora, aluno do grande Décio de Almeida Prado, da Escola de Artes Dramáticas de São Paulo, trouxe para o Brasil as técnicas do Teatro de Arena, criadas pela americana Margot Jones.
Diferente dos palcos tradicionais, onde "você sempre tem a defesa das outras paredes", como explica o próprio, na arena só existe o ator e o público.

Era o início de uma nova era, de onde sairiam os maiores textos e nomes dos palcos brasileiros.

Alguns anos depois, sem conseguir dar conta das atividades da companhia que criara, por sugestão de Sábato Magaldi, Pécora convidou Boal para dirigir as peças com ele. Começa a melhor fase do Teatro de Arena de São Paulo.

Acompanhado por Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho, Sergio Britto, Milton Gonçalves, entre outros, Boal escreveu e dirigiu as maiores peças de todos os tempos. Logo após a sua chegada, Guarnieri o apresentou "Eles não usam black tie", que ficou um ano em cartaz e, tamanha era a proximidade com a história em que o país vivia, o texto permanece atual.

Depois veio a série de musicais, outras companhias se formaram, como CPC da Une, Teatro Oficina, Teatro do Oprimido... Tudo fruto do Teatro de Arena de São Paulo, sob influência de Augusto Boal.

Ele pensou, em primeiro lugar, no povo. Deu valor a textos nacionais, que falassem do e para o operário, as donas de casa, o oprimido. Levou o teatro para as cadeias de diversas partes do mundo. Foi indicado a prêmio Nobel da Paz por isso.

Era sisudo, difícil de lidar - me deu foras e foi duro - mas não abandonou suas raízes, mesmo depois da concorrência desleal da televisão.

Muitos que trabalharam com ele e que levantaram a bandeira do teatro popular hoje se esqueceram disso. Há atores e atrizes que chegaram a ser espancados no meio da rua, nus, e que hoje não fazem peça por menos de R$ 50 o ingresso e ainda aceitam papéis medíocres em novelas, que estão cada vez perdendo mais o sentido, como Marília Pêra.

Mas Boal fez história e deu valor a ela até sua morte. Espero que ele não tenha ido tão decepcionado com o teatro de hoje.

Já que muitos só dão valor quando perdem algo precioso, torço para que ele seja mais estudado e que seus ideais não morram, como os de muitos de sua época.

Palmas para o mestre.