segunda-feira, 9 de junho de 2008

TEATRO


Kafka em cartaz no Centro

O Processo, estrelado por Tuca Andrada, fala de problemas em repartições públicas

Um homem com necessidade de mostrar o quão atual é o texto de Franz Kafka. Assim se define José Henrique, diretor de O Processo, em cartaz neste mês, no Centro do Rio.

Escrita em 1914, a obra fala sobre as dificuldades de se resolver algum problema em repartições públicas devido à falta completa de organização. Josef K é um bancário que acorda numa bela manhã e recebe voz de prisão por um crime não revelado. Durante toda a peça ele sofre nas mãos de um sistema altamente burocrático e corrupto, além de abuso de poder. Por se tratar de seu aniversário de 30 anos, inicialmente K. acredita que estão lhe aplicando um trote, de tão absurdo que é.

E assim segue o texto: com acusações absurdas, sem lei ou corte para apontar uma possível culpa em Josef K.

A peça tem duas horas de duração, sem qualquer intervalo. Tuca Andrada, hoje um dos melhores atores teatrais do país, não sai de cena um minuto sequer. Em entrevista ao Culturaetc., o ator fala sobre o ritmo da peça.

Realmente é bastante cansativo pra mim, já que não saio de cena nenhum minuto, mas com os ensaios a gente acaba treinando o fôlego para conseguir chegar até o final do espetáculo. Agora com um pouco mais de um mês de temporada já nem sinto o tempo passar.

Além de Tuca, compõem o elenco Antonio Alves, Gustavo Ottoni, Letícia Guimarães, Paula Valente, Rogério Freitas, Roberto Lobo, Sílvia Monte e Suzana Abranches, que vivem os diversos personagens da história.

Quem conhece Franz Kafka, autor do sucesso A Metamorfose, sabe de sua linguagem rebuscada. E José Henrique, que também assina a adaptação de seu texto, procurou manter essa característica do escritor tcheco. Resultado: uma peça cansativa onde, em algumas cenas, o público é capaz de ficar confuso e não entender o que está sendo dito.

De qualquer forma seu objetivo é bem entendido: mostrar como sofremos em repartições públicas.

Quanto a isso, Tuca comenta que “qualquer pessoa que more nesse país já teve seu dia de Josef K., basta tentar resolver qualquer assunto em uma repartição pública”.

O premiado Hélio Eichbauer assina um cenário composto por oito estantes de aços, móveis e fixas, com caixas de arquivos e processos inspirados no Fórum, que se adaptam a cada mudança de cena.

O Processo fica em cartaz até 27 de julho, no Teatro Maison de France, que fica na Av. Presidente Antônio Carlos, 58, Centro. Os horários são de quinta à sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Os preços variam de R$20,00 a R$50,00.

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