sexta-feira, 2 de maio de 2008

Samba é homenageado com grande estilo

Batuque na Cozinha
Bandas contam um século de samba na Lapa

Um século de samba é contado no show “Samba em quatro tempos”, realizado pelas bandas Casuarina, Anjos da Lua, Batuque na Cozinha e Galocantô, no último dia 30, na Fundição Progresso, Lapa – RJ.

Os grupos deram uma aula desde o primeiro samba registrado, “Pelo Telefone”, de Donga, datado de 1917, até os mais atuais, de Zeca Pagodinho e Beth Carvalho.

O Casuarina abriu a noite com sambas de Ary Barroso, Donga e Assis Valente. O grupo empolgou ao tocar “Palpite Infeliz”, de Noel Rosa, “Minha Filosofia”, de Aluisio Machado e sucesso de seu primeiro álbum, e “Sem Compromisso”, de Chico Buarque. Ao passar a bola para a segunda banda da noite, o Casuarina fechou com estilo, tocando “Canto de Ossanha”, de Vinicius de Moraes.

O vocalista Gabriel Azevedo explicou que o projeto, nascido há três anos, surgiu da necessidade de juntar quatro bandas muito amigas e abarcar todo esse repertório.

“Apesar de serem quatro bandas de samba, a gente tem o perfil diferente. O Anjos da Lua investe bastante no trabalho de pesquisa e o Casuarina também caminha para esse lado de resgate. Já os outros se dedicam a sambas da década de 70 pra cá”, explica Gabriel.

Numa apresentação menos empolgante, o Anjos da Lua interpretou sucessos de Zeca Pagodinho, como “Beija-me”, Orlando Silva, com “Chora Cavaquinho”, João Nogueira, com “Mineira”, e Zé Keti, com “Diz que fui por aí”.

Terceira a se apresentar na noite, a banda Batuque na Cozinha não deixou ninguém ficar parado ao tocar sucessos como “Na linha do Mar”, de Paulinho da Viola, “Quem te viu, quem te vê”, de Chico Buarque e “Espelho”, de João Nogueira. Este, inclusive, foi talvez o ponto mais alto do show.

O percussionista André Corrêa explicou que, a princípio, sua banda se uniu ao Galocantô e aí eles convidaram o Casuarina e o Anjos da Lua para fazerem um século de samba, desde o primeiro registrado até os dias de hoje.

A banda fechou com chave de ouro cantando “Acreditar”, de Ivone Lara.

Último na noite a subir no palco, o Galocantô interpretou sambas mais recentes, quando este estilo já ia para o lado do pagode.

O vocalista Rodrigo Carvalho comentou que os grupos já pensaram em gravar um CD, desde quando começaram esse projeto, mas conta que é muito difícil reunir os quatro em torno de um trabalho.

“Cada um está com seu CD e fica difícil conciliar a agenda”, comenta.

O Galocantô, inclusive, lançou um show inspirado no livro “No princípio era a roda”, do jornalista Roberto Moura. Rodrigo explica que a obra é o víeis do “Samba em quatro tempos”.

“Ele era um grande conhecedor de samba, estava em todas as rodas e merece essa homenagem”, comenta Rodrigo.

O Samba em Quatro Tempos começou em 2006, no Circo Voador, também na Lapa. Os grupos procuravam conciliar os shows nas férias escolares, sempre às terças. Depois o projeto migrou para a Fundição e cada banda lançou seu CD, o que dificultou sua continuidade. Com sua volta, as bandas pretendem agora fazer essa bela roda de samba ao menos uma vez por ano.

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