
No útimo dia 10, o Riocentro se transformou numa imensa biblioteca. Trata-se da XIV Bienal do Livro, que vai ocupar o espaço até o dia 20.
Só neste fim de semana mais de 47 mil pessoas passaram pelos três pavilhões do evento. Ao todo, nos quatro primeiros dias de Bienal (
No ano de 1995, Nicholas Negroponte, diretor do Massachusetts Institute of Technology, ensaiou o fim do papel em “A Vida Digital”. A afirmação foi baseada no surgimento dos e-books. Mas, pelo visto, parece que isso tudo não passou de falácia.
Como o livro pode estar com os dias contados se cada edição da Bienal bate um recorde de público?
Para o escrito Ruy Castro, “o livro já nasceu perfeito: é portátil, leve, bonito, gostoso. Pode ser levado para a cama, o banheiro, o bonde, o ônibus, o trem e o lotação. E é barato -- quem não puder comprá-lo nas livrarias normais tem os sebos e até os livros vendidos na calçada. Além disso, ao contrário do CD e do DVD, não precisa de um aparelho para tocar. Para ser usado, basta abri-lo e ele está pronto para ser lido. O livro só depende de nós. E, ultimamente, cada vez mais de nós -- precisamos dar a ele, de volta, o que ele nos deu nos últimos 600 anos”.
Depois dessa explicação, não há o que discutir! Por mais que seja mais fácil baixar uma obra inteira na internet, quem agüenta passar o dia inteiro na frente de um computador?
Ruy aproveitou para dar umas dicas de leitura...
“Sem falsa modéstia, indico dois: "O leitor apaixonado - Prazeres à luz do abajur", de mim, mesmo, e "Uma ilha chamada livro", de Heloisa Seixas. Ambos os livros são compostos de texto sobre literatura, o prazer de ler, a magia das palavras etc”.
"Mania de substituir uma coisa pela outra"
Quem também não acredita nessa história de fim do livro é a jornalista e escritora Martha Medeiros.
“Temos essa mania de prever a substituição de uma coisa pela outra, como se elas não pudessem coexistir. No caso da literatura, acho que ela seguirá se desenvolvendo pela internet, que é uma ferramenta poderosíssima, mas continuará sendo impressa em papel, porque um livro é mais que um objeto de consumo, ele possui uma mística e os leitores realmente apaixonados por literatura não irão permitir que isso acabe”.
O que ela disse tem muito a ver com a famosa frase do químico francês Lavoisier: "Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Ou seja: o mundo vai evoluindo, novas tecnologias surgem para facilitar mais a nossa vida, mas sem necessariamente substituir o que já existe.
Pensamento parecido tem a escritora Heloisa Buarque de Hollanda. Para ela, “o livro está mais vivo do que nunca e a internet é um auxiliar fantástico nessa vitalidade”.
Aproveitando que os preços na Bienal estão em conta, Heloísa também sugeriu algumas obras.
“A arte de produzir efeito sem causa” - Lourenço Mutarelli; “Ballets” - Bruna Beber; “Rasif” - Marcelino freire, “A Literatura em Perigo” - Tzvetan Todorov e “Free” de Chris Anderson.
E a Bienal do Livro não é só venda de obras. Tem também debates interessantes com grandes nomes, como o correspondente do jornal americano "New York Times" Larry Rother e o antropólogo Roberto DaMatta, além de sessão de autógrafos com importantes escritores, como Ana Maria Machado e Ziraldo.
Uma ótima oportunidade para pôr a leitura em dia sem gastar muito!
A XIV Bienal do Livro acontece até o dia 20 de setembro. Para mais informações sobre a programação basta acessar o portal www.bienaldolivro.com.br.