quarta-feira, 24 de junho de 2009

Não são dois diplomas que me fazem melhor ou pior jornalista

Estou muito satisfeita por ter feito uma faculdade de jornalismo e, logo em seguida, uma pós. Gosto de estudar e tive ótimos professores. Sempre trabalhei no meio e, talvez, se eu não tivesse feito curso superior, me daria igualmente bem. Sendo assim, não foi um diploma que me fez melhor ou pior jornalista.

Muito se fala sobre o fim da exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão, mas pouco se reflete seriamente sobre o assunto. Para começar, muitos países já não exigem o canudo há muito tempo. Fora o fato de que ele, aqui no Brasil, começou a ser obrigatório no período ditatorial. Alguém aí já viu Machado de Assis e Nelson Rodrigues com diploma? Pois é...

Ontem, em um programa da MTV comandado pelo ótimo e inteligente comunicador Lobão, que nunca fez faculdade, um gaiato disse que a decisão só vai beneficiar quem trabalha nas redações sem formação e desvalorizar quem estuda direitinho. Mas de onde ele tirou isso?

Em primeiro lugar, para entrar em qualquer empresa séria o candidato passa por uma bateria de testes, mesmo com formação. Não basta chegar só com currículo. Em segundo lugar, e não menos importante, há quem passe anos dentro de uma faculdade e não aprende sequer fazer uma nota, ao contrário de muitos que começam cedo no mercado de trabalho e que sacam mais do que um graduado.

É preciso entender que as faculdades de comunicação não vão fechar. Ninguém me exigiu diploma de pós-graduação, mas eu quis fazer o curso pela bibliografia, pelo que eu ia aprender a mais. E é isso que me difere de qualquer outro candidato à mesma vaga que estou pleiteando.

Se a pessoa pretende ter carreira, trabalhar numa Folha de São Paulo, numa Globo, ela não tem que pensar que essas empresas não vão exigir diploma. Vão querer muito mais! Para elas essa decisão não vai mudar uma vírgula.

Agora, quem quiser trabalhar com fofoca, numa Caras da vida, pode se sentir satisfeito por ter apenas o ensino médio, ou nem isso.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Parabéns ao mestre Chico Buarque

Em 19 de junho de 1944 nascia no Rio um dos maiores gênios da nossa música. Quarto dos sete filhos do historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista amadora Maria Amélia Cesário Alvim, Francisco Buarque de Hollanda passou décadas conquistando gerações com sua musica, sua poesia, sua literatura.

Lembrando algumas palavras do crítico literário Harold Bloom, Chico Buarque não tem rival na história da música. É um artista tão forte que suas obras alteraram os rumos e continuamos vivendo até hoje sob seu impacto. Chamá-lo de gênio, portanto, é fazer-lhe justiça.

Por isso, deixo aqui a minha singela homenagem ao grande poeta Chico Buarque de Hollanda. Chico, tudo de mais, de muito, de melhor pra você!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

“O exterminador do futuro 4: A salvação”

Quando soube que o ator Christian Bale ia fazer o Batman não recebi muito bem a informação. Embora tenha começado bem cedo no cinema, em “Império do Sol”, nunca o achei tão bom assim, ainda mais pela dicção ruim. Mas se na série do super-herói ele já havia me surpreendido, em “O exterminador do futuro 4: A salvação” ele apagou qualquer má impressão.

No melhor longa da saga, Bale é John Connor, líder da resistência humana contra a Skynet e seu exército de máquinas. Prestes a descobrir um jeito de destruir de vez os exterminadores, o herói conhece Marcus Wright (Sam Worthington), um estranho sem memória, que surgiu do nada e só lembra de ter estado no corredor da morte.

O ator, aliás, rouba todas as cenas. É a prova de que não é necessário ter um rosto famoso para que o filme dê certo. Com a chegada de Marcus, Connor precisa descobrir se ele vai mata-lo ou ajuda-lo, ainda mais quando descobre que ele, na verdade, é um robô (o que o próprio Marcus não sabia).

Mas isso não é tudo. Quem não acompanhou as outras três edições não vai ficar tão perdido. Durante o filme, Connor ouve repetidas vezes uma fita em que sua mãe, Sarah, conta mais ou menos o que está por vir, inclusive que ele encontrará seu pai,
Kyle Reese (Anton Yelchin) ainda adolescente.

Explicando assim parece meio confuso, mas não é. O roteiro é bem amarrado e as cenas são incríveis, embora tenham sido dirigidas por McG, do fraquíssimo “As panteras”. Os efeitos estão impecáveis, assim como a sonoplastia, meio “Guerra dos mundos”.

Para ninguém sentir falta de Arnold Schwarzenegger, o ator aparece no final, mas computadorizado, no corpo de Roland Kickinger. Desta vez ele tenta acabar com a vida de Bale. E quase consegue! E, se não faltou Schwarzenegger, também não faltou Guns. O clássico “You could be mine” embala uma das cenas de Connor.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Um leitor ignorante

Lendo o maravilhoso artigo de Mário Marques, no JB, em que ele fala que, após escutar Chico Buarque nos convencemos que a idiota da Mallu Magalhães e o patinho feio da Susan Boyle não são nada - o que nem precisa de muito - deparei-me com um comentário um tanto quanto bizarro.

Para espanto do próprio autor, ele recebeu um e-mail de um leitor sobre o Viradão Cultural, que a prefeitura do Rio promove esta semana.

No texto de Venâncio Amorim, do Méier, ele diz que “o mal de políticos despreparados para serem gestores da cultura como a Jandira Feghali é que eles acham que oferecer showzinho na comunidade é cultura. Acham que estão fazendo um favor, mantendo as pessoas em seus bairros. Quando quero ter acesso à cultura vou a Ipanema, a Copacabana, ao Leblon, aonde for, oras. Esse pensamento de levar 'cultura' no lugar onde as pessoas moram é de uma ignorância e de uma segregação ímpar".

Ímpar, meu caro Venâncio, é a sua burrice, que me deixa até encabulada. Estou há horas tentando achar palavras para qualificar um comentário tão infeliz.

Quando morava em Irajá reclamava muito que os melhores shows e peças teatrais aconteciam na Zona Sul e eu tinha que pegar dois ônibus para assistí-los. Fora a grana que tinha que gastar com os ingressos! E isso sem contar que, por ser mulher, não podia ir sozinha nem voltar tarde. Era um transtorno.

Agora, casada e morando na Zona Sul, posso fazer muitas coisas a pé! Ficou tudo mais fácil.

Mas não esqueço as minhas origens e me solidarizo com quem se preocupa em ouvir e assistir a coisas interessantes, diferentes. Todos temos direito de ter acesso à cultura, seja na Baixada ou em Ipanema, por um preço que condiz com nossa realidade.

Esse cidadão pode até ter rancor da nova gestão por não ter votado nela, mas criticar uma atitude como essa, de levar cultura e entretenimento a todos os cantos do Estado, de graça e a preços populares, é incompreensível. Só mostra que não são os seus vizinhos os ignorantes, mas ele mesmo.