segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Se for pra ganhar assim, prefiro perder

Nada de lágrimas de uma eleitora revoltada. Já estou acostumada a ver meus candidatos serem derrotados nas urnas. Mas estas eleições tiveram um gosto diferente.


Pra começar, Fernando Gabeira perdeu com uma diferença pífia de 55 mil votos - menos do que a lotação do Maracanã.

Ele não partiu para a ignorância e, mesmo sendo acusado o tempo todo por Paes de dar continuidade ao governo de Cesar Maia, que declarou apoio ao verde, não fez questão de lembrar que o peemedebista é cobra criada do Democratas e sem identidade - trocou de partido oito vezes.

E se for pra falar em más parcerias, que tal isso: a eleição de Eduardo Paes abre para Cabral a perspectiva de controle sobre Estado e Município, que juntos gastam R$ 47 bilhões por ano. É uma folha nada desprezível, de dimensão suficiente para abrigar a fatura dos acordos eleitorais, que incluem o PTB de Roberto Jefferson e o PT de Benedita da Silva. Sem comentários sobre os dois...

Cabral vai abandonar governo para ser vice de Dilma

Ainda tem o fato de que Paes, na verdade, não era apoiado por Lula. Ele é tão insignificante para o Governo Federal que demorou para deslanchar a candidatura, provocou briga interna no PMDB e só ganhou amizade do presidente, a quem chamou de ladrão por repetidas vezes, porque o petista-mor é amigo de Cabral e tem interesse de que ele se saia bem no Rio para ser vice de Dilma Rousseff em 2010. Isto é: Sergio Cabral vai abandonar o Governo para participar de campanha presidencial.

Quer dizer: Paes ganhou fazendo politicagem, trocando de partido e indo pro tudo ou nada. Gabeira praticamente empatou sendo sincero e correto.

Ainda tem um detalhe que não abordei por considerar culpa da população.

O digníssimo governador puxou o feriado pelo Dia do Servidor, que seria nesta terça, para hoje. Com isso 927.250 (ou 20,24%) dos eleitores viajaram, deixando para trás o seu dever de cidadão.
Jogada do Cabral? Sem dúvida, mas se essas pessoas se preocupassem com o futuro do Estado teriam votado independente do que o governo decretasse. Sendo assim continuo com a máxima de que cada povo tem o político que merece.

Espero que tenha sido bom para os peemedebistas. Quanto à Gabeira, esse sim saiu vitorioso e, realmente, não merecia essa máquina falida que é a prefeitura. O lugar dele é na Câmara, onde tem maior espaço e utilidade.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

País se afunda em lama por sua ignorância

Não é de hoje que dizem que o povo tem o político que merece. Caso seja verdade, não pertenço, definitivamente, a este mundo.

Vejam como o país se afunda em lama por total ignorância da sociedade, que não se preocupa em verificar o passado dos candidatos que apóiam.

Comecemos pelos municípios do Rio. Em Nova Iguaçu, pela segunda vez, o paraibano Lindberg Farias vai ocupar a prefeitura. Reeleito no primeiro turno. Maravilha! Maravilha? O lindinho aí está sob investigação, acusado pelo Ministério Público de usar a máquina pública para se manter no poder.

Há alguns meses a revista IstoÉ obteve, com exclusividade, fitas gravadas em que assessores e ex-assessores acusam o prefeito de montar um esquema que beneficia empresas que financiaram sua campanha política, paga propinas a funcionários, dá cargos e dinheiro a vereadores em troca de apoio político e conduz licitações viciadas.

Bom, mas isso é intriga da oposição. Afinal, Lindberg foi presidente da União Nacional dos Estudantes - de seriedade duvidosa - e liderou o movimento Fora Collor - também de credibilidade dúbia, mas aí é uma outra discussão.

Então vamos para Caxias. Como Zito é aclamado por aquele povo! Sagrou-se prefeito pela terceira vez! Um Cesar Maia! É, pode ser, mas a comparação não é lá tão exagerada.

Em primeiro de agosto deste ano, o Ministério Público do Rio pediu o indeferimento do registro de Zito. No pedido, a promotoria eleitoral alega que ele é réu em denúncia que tramita no Tribunal de Justiça do Rio por crime previsto na Lei de Licitações. Além disso, ele responde a 11 ações civis por improbidade administrativa.

E o que dizer da vereadora eleita Carminha Jerominho, presa por crime eleitoral? A família dela comanda milícia e promove massacre na zona Oeste do Rio, mas mesmo assim ela ficou em 23º lugar entre os mais votados.

Falta falar ainda sobre a reeleição de Núbia Cozzolino, em Magé, de Jorge Roberto Silveira, em Niterói, a volta de Severino Cavalcanti como prefeito no agreste pernambucano, apoiado por Lula... Mas só com os exemplos citados dá para perceber que o brasileiro está longe de saber votar.

E quanto ao meu candidato? Será que é um santo? Bom, para vereador eu anulo. Para prefeito voto em Gabeira com convicção. As acusações contra ele? Procurem aí, mas não vale chamá-lo de maconheiro. Nem de homossexual. Afinal, ambos estão longe de levar à prisão ou de prejudicar o Estado.