quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Uma declaração ao Rio

Foto: Claudia Ribeiro
Espetáculo reúne textos que exaltam a Cidade Maravilhosa

Até o dia 5 de outubro os moradores do Rio vão ter a oportunidade de assistir a um espetáculo que declara todo o seu amor à Cidade. Trata-se do musical Ao meu Rio – Declarações de amor: uma exaltação musical, em cartaz no Teatro Municipal Café Pequeno.

Concebida pelo diretor Antrônio De Bonis, um italiano de nascimento e carioca de espírito, como ele mesmo se define, a peça é encenada por três talentosos atores-cantores (Andrea Veiga, Renato Rabelo e Stella Maria Rodrigues), que propõem aos espectadores um mergulho sobre o encantamento carioca feito de marchinhas, samba, maxixe, modinha, seresta, chorinho, pagode, gingado, bossa nova, do sol e do verão, salpicado de belezas femininas... e masculinas.

Enriquecem o repertório clássicos como Ela é carioca, da dupla Tom e Vinícius, Menino do Rio, de Caetano Veloso, O Carioca, de Jair Rodrigues e A Voz do Morro, de Zé Keti.

"A escolha do repertório foi bem complicada. Eu me deparei com um material imenso e nem sabia que tinham escrito tantas coisas legais que falam sobre a cidade", explica De Bonis.

O diretor afirma que a peça não tem nada de crítica. Para ele, os problemas pelos quais a Cidade passa são mostrados todos os dias nos noticiários. A idéia dele é justamente o contrário. A peça se deu por uma vontade de despertar uma paixão no público por uma Cidade tão linda como o Rio.

"Eu caminho todos os dias na praia e sempre fico deslumbrado com a beleza dessa Cidade e fico muito preocupado com a destruição dela. Então, em vez de fazer um musical chamando atenção para os problemas que ela tem, eu preferi fazer um musical sobre as belezas que ela possui", conta.

Como já dizia o maestro Antônio Carlos Brasileiro Jobim, "eu não moro no Rio, eu namoro o Rio". E é justamente este sentimento que Ao meu Rio pretende despertar nas pessoas: o orgulho de ser carioca, mesmo não tendo nascido aqui.

"Cada dia que eu saía do ensaio eu olhava a Cidade diferente e é isso que eu espero causar nas pessoas", conta De Bonis, entusiasmado.

No final do espetáculo, o público poderá ainda emergir de uma viagem para uma Cidade encantada que, se não está todo o tempo à mostra no dia-a-dia, permanece impávida e envolta em mágica no repertório de canções e poemas.

Serviço: Ao meu Rio – Declarações de amor: uma exaltação musical
Local: Teatro Municipal Café Pequeno
Endereço: Av. Ataulfo de Paiva 269 - Leblon
Dias: Até 05 de outubro
Horários: Quintas, Sextas e Sábados, às 21h, e Domingo, às 20h
Preço: Quinta (R$30,00), Sexta, sábado e domingo (R$40,00) - meia entrada para estudantes e idosos.
Duração: 90min
Classificação etária: 18 anos
Horário de funcionamento da bilheteria: Terça a Sábado, das 15 às 21h. Domingo, das 15 às 20h

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Lobão sofre de uma doença muito séria

Cantor tem "inveja corrosiva" incurável

Em entrevista ao Jornal do Brasil, nesta terça, o cantor Lobão declarou que "a bossa nova não passa de uma punheta que se toca de pau mole". Em outro trecho, disse ainda que o estilo musical mais reverenciado no mundo é "uma língua morta, assim como essas bandas de choro e samba, que ficam tocando naquele lugar sujo que é a Lapa".

Mas quem é esse cantor que nunca representou nada na música brasileira para falar de um estilo criado por monstros sagrados como Roberto Menescal, Johnny Alf, Carlos Lyra, Lenny Andrade e companhia? Quem é esse cidadão de voz e comportamento ridículos, metido a revolucionário que faz acústico na MTV, o maior canal jabazeiro de música do mundo? Quem é ele para desmerecer quem cantou a beleza do Rio, do mar, o amor, quem criou a batida mais tocada no mundo e mudou até mesmo o estilo de tocar um violão?

Lobão sofre de algo gravíssimo chamado "inveja corrosiva". Nunca foi lembrado em prêmios, jamais recebeu qualquer tipo de homenagem sequer teve inúmeras músicas regravadas. Como se isso bastasse para ser considerado um bom músico.

Infelizmente muitos artistas de imensurável talento são esquecidos mesmo. O próprio Johnny Alf, um exemplar compositor, pianista e cantor, ponto referencial da Bossa Nova, mais até do que João Gilberto, é pouco conhecido da geração nascida nos anos 60, sequer teve tanta repercussão como o artista de Juazeiro.

Mas quem se interessa pela cultura nacional certamente conhece e reconhece o talento do autor de "Rapaz de bem", "Céu e Mar", "Ilusão A Toa" e "Eu e a Brisa".

Quanto ao desdém pelas bandas que tocam na Lapa, o lugar mais democrático do Rio de Janeiro, onde tribos de todas as classes e credos se encontram sem qualquer tipo de rixa, é de dar pena.

Nunca se viu tantos jovens com sambas de raiz na ponta da língua devido a essas tais bandas de choro e samba que tocam por aí. A quem ele se refere? A bandas como Casuarina, Galocantô, Anjos da Lua e Batuque na Cozinha, que promovem, pelo menos duas vezes por ano, o projeto "Samba em Quatro Tempos", que faz uma viagem pela música desde "Pelo Telefone", de Donga, até os dias de hoje, com casa cheia garantida?

Bandas como Grupo Semente e Samba de Fato, que resgatam clássicos da MPB, como Candeia e Mauro Duarte? E o que ele diria de cinco mil pessoas lotando a Fundição Progresso, numa segunda e numa terça, para a gravação do CD Samba Social Clube, considerada a maior festa do samba dos últimos tempos?

Realmente, ele está certo e cinco mil estão alienados.

Não sei se lamento mais por ele ou por um jornal de tanta respeitabilidade e aceitação como o JB, que dá ibope para um cara como Lobão. Aliás, que apelido mais cafona. Enfim...